Quarta feira da 27ª Semana do Tempo Comum. Estamos no Outubro Rosa, quando a sociedade civil nos convida a sensibilizar-nos com a campanha mundial de conscientização sobre a prevenção do câncer de mama. Já no âmbito religioso, como se trata do mês missionário, o Papa Leão XIV, nos pede que sejamos os defensores da Casa Comum e também rezemos pela unidade entre diferentes tradições religiosas para promover a paz e a fraternidade humana. Que cessem as guerras, em que as maiores vítimas são as populações civis, sobretudo, mulheres e crianças. Lembrando que os que planejam as guerras, não vão para à frente do campo de batalha. Que sejamos orantes neste mês, nesta intenção, reconhecendo que o poder da oração não vem de nós. O poder está em Jesus. É Jesus quem responde à oração e realiza o impossível. Nossa oração deve ser um pedido, não uma exigência a Deus.

Eu não poderia começar estes meus rabiscos de hoje sem deixar de fazer o registro desta importante data No dia 08 de outubro, comemora-se o Dia do Nordestino, uma data especial criada para homenagear a riqueza cultural, a força e a contribuição do povo nordestino, para a formação estrutural do Brasil. Esta data foi oficializada com a lei nº 14.952, de 13 de julho de 2009, na cidade de São Paulo, região com a maior concentração de nordestinos em todo o país, fora do Nordeste A criação desta data é uma homenagem ao centenário do poeta popular, compositor e cantor cearense Antônio Gonçalves da Silva, popularmente conhecido como Patativa do Assaré (1909-2002). A cultura do Nordeste é riquíssima e diversa, representada por expressões musicais, literárias, folclóricas e artísticas que atravessam gerações. O Brasil não seria o país que é sem a participação cultural decisiva do povo nordestino.

Um povo de luta e resiliência. A história do Nordeste também é marcada pela resistência e pela superação dos diferentes desafios. Desde os tempos do cangaço, passando pelas lutas camponesas, como as de Canudos e Contestado, até as batalhas cotidianas contra a seca e a desigualdade social. O povo nordestino tem uma história de luta por uma dignidade conquistada a ferro e fogo. O Nordeste não é só um lugar, é um jeito de viver a vida, pois o povo nordestino é capaz de transformar a seca em flor, a saudade em poesia e letra em melodia. Tenho vários amigos nordestinos que muito contribuíram para a formação da minha personalidade, até porque sou de uma região de Minas Gerais, que somos chamados carinhosamente de “baianeiros” – metade de baiano e metade de mineiro. Como sou amante das amizades, conquistadas também com este povo, acredito nelas como Mário Sérgio Cortella: “Ter amigos nos lembram que não somos estrelas solitárias”. O Nordeste vive como luz dentro de mim, como essência do meu ser de quem sou.

Como o mês de outubro é o mês orante, de quem se coloca permanentemente em missão, a palavra-chave que norteia o nosso caminhar na fé, chama-se oração. De tanto verem Jesus em momentos específicos de oração, os discípulos pedem a seu Mestre, que também os ensinem a rezar: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. (Lc 11,1) Era comum naquele contexto, que os mestres ensinassem os seus discípulos a rezar, transmitindo os conhecimentos presentes em suas mensagens. Jesus aproveita e ensina-lhes uma oração que revela todo o espirito e o conteúdo fundamental de toda oração crista: O Pai Nosso. A oração central do cristianismo que demonstra toda a intimidade de cumplicidade filial dos filhos e filhas que somos nós, e o Pai celestial. Uma oração modelo para os que fazem a sua adesão pelo seguimento do Mestre Jesus.

O texto escolhido para hoje é o do evangelista São Lucas 11,1-4, mas esta temática aparece também em Mateus 6,7-15. No caso deste último, diferente de Lucas, ele aproveita o tema da oração para inserir o Pai-nosso em contraposição à oração dos fariseus e dos pagãos, caracterizadas pela arrogância, exibicionismo, autopiedade e julgamento dos outros, em contraste com a humildade e sinceridade valorizadas por Deus. Porem, em ambos os casos, o Pai-nosso mostra a simplicidade e intimidade da pessoa humana com Deus. Na primeira parte, pede-se que Deus manifeste o seu projeto de salvação; na segunda, pede-se o essencial para que a pessoa possa viver segundo o projeto de Deus: pão para o sustento, bom relacionamento com os irmãos e irmãs, perseverança e fidelidade até o fim, apesar de todas as consequências desta adesão ao projeto de Deus no seguimento de Jesus de Nazaré.

Pai Nosso! “Abba”, que significa “papai”, ou “painho”, no linguajar típico nordestino. Palavra usada frequentemente por Jesus e, posteriormente, pelos seus Apóstolos, para expressar uma relação de intimidade, cumplicidade, confiança e amor filial total a Deus. Chamar a Deus de “Abba” implica numa mudança radical no nosso relacionar, exigindo compromisso e entrega a essa amorosidade divina, em contraste com posturas baseadas no medo ou nas exigências vazias devocionais. Este Paizinho é um Deus amoroso, que deseja ter um relacionamento próximo e terno com seus filhos e filhas, e não um Deus distante, ou que incute medo. Se bem entendida, a estrutura desta oração abrange a santificação do nome de Deus, o desejo de que Seu Reino seja estabelecido, através do amor e da justiça, a busca pela Sua vontade, o pedido do pão cotidiano necessário, acompanhado do pedido de perdão pelos pecados, diante das fraquezas e recaídas, e a força para superar as tentações que não são poucas, que nos fazem abandonar o caminho de Jesus.