Raramente escrevo aos sábados e domingos.
Hoje um momento extraordinário me induz a escrever.
Ontem,à tarde ,fui encontrar um amigo.
Combinamos um café ali,no “Xeirin bão “…
Um café, na verdade dois, uma fatia de bolo e muita conversa…
Recordações de 60 anos de amizade!
Do nada uma pequena, cinco anos, me toca as costas:
” o senhor é professor da minha avó ”
Aponta pra uma mulher, já idosa ,em lágrimas, de pé a alguns metros de distância!
Levanto me.
Vou até ela.
Enxuga as lágrimas.Me beija.
“Sou Nanci. O senhor foi meu professor por todo o ginásio! 1975 até 1978!”
Foi a única Nanci em mais de 40 anos de magistério.
Então não me é difícil lembrar.
Vivia namorando pelos cantos.
Chamei lhe a atenção.
Como a maioria das adolescentes foi atrevida:
” o senhor não é meu pai!”
Calei me.
Chamei a mãe.
Conversamos.
” O senhor dê suas aulas ,da educação das minhas filhas eu cuido…”
Calei me…
No primeiro ano do ensino médio Nanci abandonou a escola.
Estava grávida.
A irmã mais nova envolveu se com traficantes do bairro, foi morta num confronto com a polícia!
Mudaram do bairro.
Convidei a para sentar conosco. Tomar um cafezinho.
Recusou.Tem pressa.
” o senhor ainda mora no bairro?”
Mudei me há dois anos.
Mas mantenho ligações.
Corto o cabelo no Creon.
Então sei tudo o que acontece lá…
Um beijo, um abraço.
Um olhar cansado.
Triste.
Tanta história…que cuide bem da netinha.
Hoje levei a Marisa ao mercado. Ela quer fazer feijoada.
Comprou ingredientes.
Diz que eu não saberia comprar. Que exageraria.
A adega está em reformas.
Muitas ofertas: leve três e pague dois…
Aproveitei!
Boa tarde/noite gente amiga querida, que as bênçãos sejam abundantes e permanentes .