Sábado da Sétima Semana da Páscoa. Véspera de Pentecostes. Foram percorridos 50 dias desde a Celebração da Páscoa do Senhor. Assim, a solenidade de Pentecostes é celebrada após esta caminhada de fé. Nesta festa, recordamos o dom do Espírito Santo que, ao contrário da confusão da Torre de Babel (Gn 11,9), entendemos melhor a linguagem do amor. Como nos dizia o Papa Francisco: “A Aliança, nova e definitiva, não é mais fundada em uma lei, escrita em tábuas de pedra, mas na ação do Espírito de Deus, que renova todas as coisas, gravada nos corações de carne”. Na segunda feira depois de Pentecostes reiniciamos o Tempo Comum que se prolongará até o sábado que antecede o primeiro domingo do Advento, quando tem início um novo ano litúrgico. Lembrando que o Tempo Comum é caracterizado por um período subdividido em duas partes: a primeira começa no dia seguinte à festa do Batismo de Jesus e vai até a terça-feira, antes da Quarta-feira de Cinzas, quando tem início o Tempo Quaresmal. No total são 33 ou 34 semanas.
Antes de entrar propriamente no texto preparado para a liturgia deste sábado, lembramo-nos que, na data de hoje, comemoramos o “Dia Nacional da Liberdade de Imprensa”. Uma data importante para entendermos melhor, qual é o papel da imprensa no que diz respeito à informação. Este tipo de comunicação é importante porque nos ajuda a reforçar a importância da liberdade de imprensa na manutenção da democracia no Brasil, além de ser uma data de luta contra a censura e a violência direcionadas ao trabalho dos e das profissionais jornalistas. A Liberdade de Imprensa é celebrada no dia 7 de junho porque, nesta data, em 1977, na vigência do regime ditatorial (1964-1985), cerca de três mil jornalistas assinaram um manifesto exigindo o fim da censura e a liberdade de imprensa no Brasil.
A liberdade de imprensa é de suma importância, mas também precisamos entender que o fato de se ter esta liberdade, não significa que qualquer cidadão, qualquer cidadã, pode ir para as redes digitais para atacar, mentir, disseminar o ódio, sobretudo contra as instituições e os poderes constituídos da República, como tem sido a prática comum de um determinado setor de nossa sociedade. Em tempos de avanços das mídias, é necessário que haja uma regulação destas, para que a nossa sociedade não adoeça mais ainda. Neste sentido, gosto muito do pensamento do filósofo Amsterdamês Baruch Spinoza (1632-1677) “O homem é livre na exata medida em que tem o poder para existir e agir segundo as leis da natureza humana”.
Neste sábado, a liturgia nos possibilita refletir dando continuidade ao Evangelho Joanino. Trata-se da parte final do quarto evangelho. Estamos falando do epílogo do evangelho de João. A figura central deste Evangelho aparece na pessoa do discípulo amado, juntamente com Pedro. Ambos num diálogo aberto com Jesus, que está dirigindo suas palavras de ânimo e esperança. Aliás, no Evangelho de João, fica bem claro que Deus Pai testemunhou seu amor, entregando seu Filho único para que todos nós tenhamos a vida. Nesta perspectiva, somos chamados a responder a este amor do Pai quando, do mesmo modo, nos abrimos para o dom deste amor, pondo-nos a serviço da vida que Deus quer para todos e todas. Assim sendo, somos convidados a ler o Evangelho abrindo-nos à luz de Deus que, mediante Jesus, ilumina a nossa vida e nos leva a tomar a decisão de aceitar e continuar a obra de Jesus, para termos definitivamente a vida.
Testemunhar é preciso! A vida cristã se faz através do testemunho do Ressuscitado que está vivo no meio de nós. Ter fé é testemunhar esta certeza da presença viva de Deus em Jesus no meio de nós. Já não temos mais um Deus distante de nós e nas alturas, como era a compreensão de muitos no Antigo Testamento. Com a Nova Aliança, selada com a Encarnação do Verbo de Deus em nossa realidade humana, Deus se fez um de nós (Deus Conosco), gente como a gente no meio da gente. Quando fazemos a nossa adesão por seguir os passos de Jesus, a verticalização da fé se complementa com a horizontalização das relações entre nós, que nos tornamos todos, irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai, constituindo assim a grande família de Deus.
“Tu, segue-me!” (Jo 21,12) Seguir é dar testemunho, através das ações que realizamos a cada dia. Não como seres superiores, por achar que estamos seguindo os passos de Jesus. No entendimento da proposta de Jesus a superioridade e domínio se dão no exercício fiel do serviço gratuito e pleno de amorosidade. Se assim o formos, podemos nos classificar como amigos e amigas de Jesus. O verdadeiro amigo é aquele que segue a Jesus, colocando-se a serviço dos irmãos, e sendo capaz de amá-los até o fim, dando por eles a própria vida. Somente através do testemunho fiel, conseguimos chegar a este objetivo. Viver o Evangelho não é o mesmo que ensinar doutrinas, nem apresentação de verdades absolutas, nem muito menos fórmulas jurídicas, às quais todos deveríamos ajustar-nos. A verdade do Evangelho é o testemunho fiel daquele e daquela que se transforma cada vez mais ao seguir Jesus na experiência concreta do amor gratuito e incondicional de cada dia.
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