AS DORES DA HUMANIDADE,
SENTIDAS E CONSENTIDAS

Nelson Peixoto, Manaus (AM)
Diretor de Liturgia da UNESER.

O título de Maria como Nossa Senhora das Dores nos faz pensar na espada que Simeão dissera que ia transpassar o seu coração. Chamamos de nossa , a Mãe de Jesus ,ou mostramos os nossos “calos” e como eles nos deixaram insensíveis para com as dores da PAIXÃO do Mundo?
Dia 15 de setembro, celebramos o Dia da Mãe das Dores, certamente, já viúva de S. José. Os evangelhos, a dois dias antecedentes, trazem a narrativa da viúva de Naim, para nos prepararmos e olharmos as dores do mundo.
Jesus está chegando em Naim e depara-se com um cortejo de morte e uma viúva que chora a morte de seu filho único. (Lucas 7,11-17)
Mas, Ele é a Vida, e o Caminho que passa pela dor, e é a Verdade que nos cura os “calos”. O quê é isso?

Ele, compadecido, paraliza a multidão que leva o morto e se antecipa como Senhor da Vida. Vê a dor daquela viúva e nela , a figura de sua mãe aos pés da cruz.
Essas cenas, uma às portas da cidade e outra aos pés no Calvário do filho, nos dão a dimensão do tamanho da dor de Maria e a de Jesus, entregando-se ao Pai por amor. Cenas que nos aproximam do coração da misericórdia revelada por Jesus e nos movem a rezar e pensar.
Jesus sente a dor da viúva, como quem nos pergunta: Vocês se sentem comovidos ou já se transformaram como “calos dos pés”, essa parte insensível, dura , onde nem corre mais sangue , nem dor?
Sim. É possível e muito cômodo, desviarmos o olhar e nos isolar na bolha do eu.

Mas Jesus, diante do cortejo fúnebre e da dor da viúva , sentiu que tinha tudo a ver com Ele e Sem importar e Se importunar.
E nós, seguidores de Jesus, também temos tudo a ver ou a negar a olhar?

Jesus, em nome do Pai, entrega o filho morto, que ressuscitado, a mãe o recebe para que voltasse para casa com ele.

Traz o Evangelho da Paixão que Jesus entrega sua Mãe à João: “Filho, eis aí, a tua Mãe”. Ainda entrega Maria a João como Mãe. “Mulher, eis o teu filho”.
A compaixão, tão forte em Jesus, nos instiga a termos o coração e os olhos abertos para as dores do mundo.
Nunca seremos “calos” que de tão insensíveis, como carne morta do Corpo de Cristo, nada faremos para tirar as dores do mundo, como se disséssemos: “nada tenho a ver com isso”.
Jo. 19, 25-27