Sábado da Vigésima Segunda Semana do Tempo Comum. A primeira semana do mês das flores vai se consolidando. Setembro Amarelo! Mês de prevenção ao suicídio. Se precisar, peça ajuda! É assim que devemos olhar para este problema tão grave que acontece entre nós. O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo inteiro e gera grandes prejuízos à sociedade. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS, mais de 720.000 pessoas morrem por suicídio todos os anos. O suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Setenta e três por cento dos suicídios globais ocorrem em países de baixa e média renda. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estão relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
Um final de semana que ainda nos faz recordar do dia de ontem, o Dia do Irmão. Este dia está relacionado à vida de uma pessoa muito importante para a história da humanidade: Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), que faleceu no dia 5 de setembro. Madre Teresa foi uma religiosa católica de etnia albanesa naturalizada indiana, fundadora da congregação das Missionárias da Caridade, cujo carisma é o serviço aos mais pobres dos pobres, por meio da vivência do Evangelho. Embora de corpo franzino, tratava-se de uma grande mulher. “A mulher mais poderosa do mundo!” Foi assim que o Secretário Geral da ONU, Pérez de Cuéllar, apresentou Madre Teresa na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1985. Na humildade que lhe era peculiar, Madre Teresa costumava dizer: “Não podemos fazer grandes coisas, mas podemos fazer pequenas coisas com grande amor”.
De volta ao meu cantinho, depois das andanças pela capital dos goianos, levantei nesta manhã, ainda de madrugada, acordado que fui pelo cantar dos pássaros em meu quintal. Até parece que eles sabiam que o cuidador deles havia chegado. Depois de dar-lhes bom dia, aproveitei do ensejo e me fiz presente no túmulo do profeta. Rezei e contemplei o nascer do sol, irradiando luz, acordando o dia, como gostava de dizer São Francisco de Assis. Trouxe comigo uma dezena de amigos, pelos quais rezo a cada manhã, pedindo a Pedro a intercessão pelas nossas vidas, que aqui labutamos em busca da Pátria grande. No clima místico daquele sagrado lugar, recordei-me de uma das passagens da literatura sapiencial: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. (Ecle 3,1) Recordando que a vida é cíclica, e possui fases para cada acontecimento, desde o nascimento e a morte, até o chorar e o sorrir. Entretanto, só Deus tem a visão do conjunto da vida. Só Ele conhece todos os momentos. Por isso devemos fazer a coisa certa, na hora certa e no momento certo.
Fazer as coisas como Jesus fazia! É desta forma que o texto de hoje de Lucas nos provoca a refletir e viver. Em dia de sábado Jesus, com os seus discípulos, atravessando um campo de trigo. Como eles estavam com fome, retiravam as espigas e as comiam, algo que era proibido fazer em dia de sábado. Lembrando que para os judeus, o sábado, chamado de Shabat, é o dia sagrado da semana, dedicado ao descanso, oração e à santificação de Deus, inspirado no relato bíblico da Criação, onde o Criador descansou no sétimo dia. O Shabat começa no entardecer de sexta-feira e se estende até o anoitecer de sábado, e é um momento de cessação de trabalho, com rituais e restrições para se conectar com o divino. Foi por este motivo que os fariseus chamam a atenção de Jesus, uma vez que os seus discípulos estavam fazendo aquilo que não era permitido pela Lei, fazer em dia de sábado.
A resposta de Jesus conclui com o versículo final do texto de hoje: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. (Lc 6,5) Com esta sua afirmação, Jesus mostra para os incorrigíveis fariseus que o sábado foi feito para a pessoa humana, e não o homem para o sábado. Ele, como o Filho do Homem, é o Senhor do sábado. Esta afirmação destaca a autoridade de Jesus sobre a Lei e o mandamento do sábado, permitindo-Lhe interpretar e aplicar a lei de acordo com a necessidade humana, já que o ser humano está acima de qualquer lei. Sendo senhor do sábado, Jesus está acima das leis, mesmo religiosas, que os homens elaboram. Ele relativiza essas leis, mostrando que elas não têm sentido quando impedem a pessoa humana de ter acesso aos bens necessários para a própria sobrevivência.
O direito da pessoa humana tem que estar resguardado em qualquer lei, mesmo as leis religiosas. A fome está acima da Lei! Cuidar da vida humana é missão e objetivo de qualquer um que esteja vinculado ao projeto de Deus, revelado por Jesus de Nazaré. A vida pede passagem! Vida com dignidade! O direito de viver com dignidade significa que a vida humana não se resume à mera existência física, mas implica uma existência com qualidade, respeito, igualdade e liberdade, protegida por leis e valores éticos e morais. Este é um direito fundamental que, inclusive, está resguardado na Constituição Federal Brasileira de 1988, com um princípio que orienta a construção de uma sociedade justa e inclusiva, proibindo qualquer forma de tratamento desumano, cruel ou degradante. Como dizia Mahatma Gandhi (1869-1948): “Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo”.
Comentários