Terça feira da Quinta Semana da Páscoa. Como a liturgia católica mesmo nos posiciona, enquanto Jesus, no contexto da Palestina de seu tempo, segue se despedindo de seus discípulos, preparando-os para os embates futuros na missão de continuadores do projeto do Reino, continuamos aqui nesta trajetória histórica, buscando a nossa conversão, no intuito de chegar em Pentecoste com o coração mais aliviado e o corpo mais adequado para abraçar a mesma missão do Mestre Galileu. Um dia de cada vez, sendo pensado nesta perspectiva, já que a resposta ao chamado de Deus exige que cada um de nós dê a sua resposta no aqui e agora desta nossa história. Não dá para deixar para depois, já que o tempo urge nosso posicionamento firme e decidido.
20 de maio. Neste 140º dia do ano, comemoramos a vida e a presença entre nós dos profissionais pedagogos. A data, celebrada anualmente, procura homenagear estes profissionais responsáveis pela educação, formação de nossos educadores e educandos. Tal comemoração foi instituída no Brasil através da Lei nº 13.083, de 8 de janeiro de 2015, e surge como uma oportunidade para discutir o papel da família e da escola no desenvolvimento dos educandos, além de delimitar papéis de responsabilidade. O pedagogo, a pedagoga, tem um papel imprescindível em nossa sociedade, muito embora não sejam devidamente valorizados e respeitados na função precípua que exercem, muito embora, somos da terra em que nasceu o maior pedagogo do mundo: Paulo Freire. No dia do pedagogo, lembramo-nos do que disse Nelson Mandela: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
Quisera eu ter sido pedagogo, mas mesmo não o sendo, hoje é o meu dia. Neste dia 20 de maio, estou iniciando um novo ciclo: 6.8 de estrada rodada. Muito chão já ficou para trás. O melhor ainda está por vir. O bom da idade avançada é saber que estamos vivos e, nesta fase da vida, a “serenitude” vem chegando e nos fazendo mais sensatos e equilibrados, frente aos desafios do mundo. É verdade que a paz inquieta mora dentro de nós, entretanto, os ânimos serenados, nos faz ter outro tipo de visão, de coração aberto e sem medo de ser feliz. Olhando para o horizonte de esperanças que vem chegando devagar, conseguimos visualizar com a alma, aquilo que foi dito pelo filosofo/teólogo francês: “O coração tem razoes que a própria razão desconhece”. (Blaise Pascal – 1623-1662) É o mistério da vida se fazendo no terreno da história. Viver é a arte de servir com doçura de um coração pleno de amorosidade. Que a razão se dobre ao sonho de Deus, se fazendo plenitude na arte de bem viver!
Iniciando um novo ciclo no compasso lunar. Hoje, entramos na fase da Lua Minguante, que agora está com uma visibilidade de 48,69% no céu. Segundo os que mais entendem, durante esta fase, a luz solar ilumina só a metade leste da Lua. É por este motivo que ela aparece no nosso campo visual em formato parecido com a letra “D”. Ao contrário do Sol, que reina absoluto aqui para nós, mesmo estando no Outono, a Lua não produz o seu próprio brilho como o Sol. O brilho dela deve-se a participação do Sol em sua vida, fazendo dela um satélite natural que pode ser visto aqui da Terra. Obedecendo a este novo ciclo, estou aproveitando para prover-me de introspecção, que é típico deste novo ciclo lunar.
Sem a catarata do olho esquerdo, ofuscando a visão, acordei primeiro que o sol, amanhecendo com Pedro, vislumbrando o Astro Rei, despontando do outro lado do rio. Oportunidade para fazer uma retrospectiva histórica vivencial orante, nestes 33 anos que me faço presente aqui pelas bandas do Araguaia. Como não ser feliz, tendo convivido com este homem de fé, preenchido pelo projeto de Jesus de Nazaré? Deus sempre foi muito generoso para comigo, possibilitando-me viver nas entranhas da história de uma Igreja encarnada na realidade dos empobrecidos deste canto sofrido de nosso povo. Pobre, com e para os pobres, contra a pobreza estrutural injusta e desigual. Pedro me fez ver que as causas primeiras, passam pelo sonho de Deus encanado nos “desclassificados”, como fez em vida, Jesus de Nazaré.
Saí aliviado e preenchido por uma paz profunda, proveniente não somente da harmonia silenciosa daquele lugar, mas também com o coração inflado pelos dizeres de Jesus, trazidos pelo texto joanino da liturgia desta terça feira: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração”. (Jo 14,27) Num clima já de despedida, Jesus dirige ao seus discípulos palavras de adeus, mas também de conforto. A paz transmitida por Jesus (shalom), vem carregada de todos os bens messiânicos. Ele fala de paz e alegria no momento em que sua morte está para acontecer no horizonte próximo. Mas a Paz que Jesus está transmitindo está plena da realização humana. Entretanto, ela só será possível se aquele e aquela que rege a nossa sociedade desumana for destituído de seu poder de morte e destruição. Contraditoriamente, na sua morte Jesus realiza a paz. Toda fidelidade e todo martírio é participação nessa luta vitoriosa de Jesus e, portanto, causa de paz e alegria. Vidas pela vida! Vidas pelo Reino! É desta forma que me vejo iniciando mais um novo ciclo. Shalom!
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