“Sem mim, nada podeis fazer” (João, 25,5!).

Nelson Peixoto, Diretor de Liturgia da UNESER.

Nem doutrinar, nem tampouco usar da razão para convencer ou dobrar o coração. Voltamos a entender que crer é cor+dare do latim “credere”, dar o coração e não “flectere in rationem”.
Quando dizemos “estilo de viver de Jesus” estamos falando do seu jeito de estar com as pessoas ao encontrá-las, ao seu modo de entender e observar a criação e os padecimentos de sua gente. Também, a forma de ver sua
encarnação e identificação nas pessoas em situação desumana de viver.
Quando dizemos “doutrina”, olhamos negativamente, quando não existe o contato vivo com Jesus, não bastando saber dEle pelos enunciados de  segunda mão. A sã doutrina, sem o encontro pessoal com Jesus, quando muito, nos faz adeptos do consumo devocional ou do ritualismo por medo ou negociação.
Sem Jesus, a doutrina não convencerá , nem nos moverá para o seu projeto humanizador da vida. Jesus moverá tudo que fazemos para o resultado querido pelo Pai de Jesus: o Reino.
Imagine uma família, uma profissão ou uma paróquia que não tenham no horizonte estar a serviço da construção do Reino de Deus e sua Justiça.
Doutrina demais e devoções exageradas sem o estilo de viver, orar e agir de Jesus. Sem centrar a vida nEle, escurecemos as ações transformadoras do Reino, esquecendo que elas são tão fortes nos sacramentos. Infelizmente, nem sempre é o que acontece como quando Jesus praticava seus sinais libertadores: sinais de justiça, de denúncia, de compaixão, de perdão, de curas e de acolhida.

Ainda no início do ano de 2022, estamos retomando a atuação laica em uma paróquia, de forma bem explícita. Não me parece retomar com omissão da dimensão profética do nosso Batismo. Daí, precisarmos nos reposicionar.
Renovar a paróquia é investir na recuperação de Jesus, através do contato vivo com o Evangelho.

Tenho estudado os conteúdos do livro de José Antônio Pagola “Recuperar o Projeto de Jesus”, Vozes, 2019.
Sendo assim, pretendo por em prática o que estudo , em diálogo com meus colegas que são missionários leigos redentoristas.

1. Não precisamos tomar o lugar dos padres, nem entrar, de início, no estilo doutrinário e clericalista combatido pelo Papa Francisco;
2. Estaremos mais  desimpedidos para anunciar o estilo de viver de Jesus e nos fixar no horizonte da construção do Reino em tudo que fazemos;
3. Do mesmo modo, podemos com liberdade, contribuir com a renovação das Paróquias tornando-as mais ,redes de comunidades , do que fragmentadas em pastorais de concorrências , seja lá vivendo e  celebrando nosso sacerdócio do batismo, atualizando a Memória Viva de Jesus.
No Evangeli Nuntiandi n⁰ 12, o Papa Francisco escreve :
“Sempre que procurarmos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novos caminhos, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, cheios de renovado significado”.
Fiquemos em unidade e na prática sinodal com ele.