Sexta feira da Décima Nona Semana do Tempo Comum. A primeira quinzena de agosto chegando sextando. Uma sexta de festa para a comunidade católica São-felicense, que festeja a sua padroeira, Nossa Senhora da Assunção. Lembrando que a Solenidade da Assunção de Maria é celebrada no dia 15 de agosto, desde o século V, com o significado de “Nascimento para o Céu”, ou, segundo a tradição bizantina, de “Dormição”. Foi o Papa Pio XII, que em 1º de novembro de 1950, proclamou o Dogma da Assunção de Maria, elevada ao céu em corpo e alma. A Mãe de Jesus e nossa encontra-se na glória de Deus. Ela alcançou a Meta, onde, um dia, todos nos encontraremos. Desta forma, Maria se torna para nós um sinal de confiança e esperança, pois, se Ela, criatura humana como nós, conseguiu, também nós conseguiremos.
Como vemos, trata-se de um “dogma de fé”. A palavra dogma vem do verbo grego “dokein”, que significa parecer bem. A palavra “dogma” quer dizer “verdade”. É uma verdade revelada por Deus que pode estar na Bíblia ou na tradição da Igreja. Não são invenções, como alguns possam sugerir. São verdades definidas pelo Magistério da Igreja. Assim, um dogma de fé, na Igreja Católica, é uma verdade revelada por Deus, solenemente definida, que exige a adesão incondicional dos que creem, tendo nestas verdades, fundamentos que iluminam o caminho da fé e garantem a segurança na doutrina cristã. Seguindo nesta lógica, a Igreja Católica proclama a existência de 43 dogmas, subdivididos em oito categorias diferentes: sobre Deus, sobre Jesus Cristo, sobre a criação do mundo, sobre o ser humano, marianos, sobre o papa e a Igreja, sobre os sacramentos e sobre as últimas coisas (Escatologia).
“Maria da Assunção, escuta a nossa voz, e pede proteção a cada um de nós!” Assim cantamos com alegria, no dia de nossa padroeira. É através da fé, que manifestamos a nossa adesão ao projeto salvador de Deus, que Jesus veio nos revelar/anunciar. Cada dia é um desafio a ser vencido de forma leve, esvaziando da bagagem aquilo que pesa, sempre valorizando o que nos traz alegria. De mãos dadas com os caminhantes, desbravando as encruzilhadas, fortalecidos pelos ideais que nos movem. Afastando de nós aquilo que desgasta e, agradecidos pelo dom da vida, seguimos, na procura do Reino, como nosso bispo Pedro apontava estes horizontes, conjugados nestas quatro palavras: fé, esperança, teimosia/resistência, sem nos esquecermos das utopias do Reino à frente. Na busca deste horizonte, serve-nos de inspiração aquilo que Paulo descreveu em uma de suas cartas: “Em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação, será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Jesus Cristo, nosso Senhor”. (Rom 8,37-39)
De forma orante, como muito nos ajuda o Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), sigamos refletindo com o Evangelho de Mateus, que neste dia nos provoca a refletir sobre uma das questões trazidas pelos fariseus, no intuito de deixar Jesus numa situação embaraçosa: “É permitido ao homem despedir sua esposa por qualquer motivo?” (Mt 19,3) Apegados à Lei como eram aqueles fariseus, certamente traziam, embutidos em suas questões, a forma como viam o matrimonio. Recordando que no Primeiro Testamento, o divórcio era permitido, mas com restrições, sendo o principal motivo a “dureza de coração” do homem, conforme o que estava escrito no Deuteronômio: “Quando um homem se casa com uma mulher e consuma o matrimônio, se depois ele não gostar mais dela, por ter visto nela alguma coisa inconveniente, escreva para ela um documento de divórcio e o entregue a ela, deixando-a sair de casa em liberdade”. (Dt 24,1) O texto é resultado de uma mentalidade patriarcal da época: o homem é que toma todas as decisões, e quem fica contaminada é a mulher.
“Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o início”. (Mt 19,8) Jesus anula completamente lei antiga, libertando o matrimônio de uma visão legalista patriarcal. Ele se recusa a ver o matrimônio a partir de permissões ou restrições legalistas, reconduzindo o matrimônio ao seu sentido fundamental: aliança de amor e, como tal, abençoada por Deus e com vocação de eternidade. Na compreensão de Jesus, o casamento é apresentado como uma união sagrada entre um homem e uma mulher, estabelecida por Deus desde a criação, e que deve ser um compromisso para a vida toda. Diante desse princípio fundamental, marido e mulher são igualmente responsáveis por uma união que deve crescer sempre, e os dois se equiparam quanto aos direitos e deveres. Vai dizer isto para os machistas de plantão, que se acham no direito de agredirem, espancarem e matarem suas companheiras, consolidando o Brasil como um dos países que mais comete feminicídio do mundo: uma média de quatro mortes de mulheres por dia. A taxa de feminicídio chegou a 1,4 por 100 mil mulheres.
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