- Mi Sábado da 33ª Semana do Tempo Comum. Neste sábado, a liturgia celebra a Memória do Martírio de Santa Cecília. É por este motivo que a estola que o padre usa na celebração de hoje é na cor vermelha. A liturgia celebra com a cor vermelha, porque ela simboliza o sangue derramado de Jesus, o sangue dos mártires da caminhada e o fogo do Espírito Santo. Santa Cecília foi, portanto, martirizada, mas antes de morrer, segundo dizem, ela pediu ao Papa Urbano I, que distribuísse seus bens aos pobres e transformasse sua casa em uma igreja.
Padroeira dos músicos e da música, Santa Cecília nasceu em Roma no ano de 180 d.C. e faleceu no dia 22 de novembro de 230 d.C. Jovem romana de família nobre, viveu no século III, durante o Império Romano. Converteu-se ao Cristianismo e fez o voto de virgindade, mesmo sendo casada. Não foi canonizada pelo processo formal da Igreja, mas aclamada pela devoção popular, ao longo dos séculos. Como gostava de cantar, é lembrada por uma das frases, atribuídas a São Gregório, “Quem canta, reza duas vezes”.
O tema central da liturgia deste sábado é a Ressurreição. A narrativa de Lucas hoje, gira em torno desta temática. Recordando que, para o cristianismo, a Ressurreição é a fé de que Jesus de Nazaré voltou à vida três dias após sua crucificação, triunfando sobre a morte e o pecado. Este evento é a convicção central da fé cristã, significando a esperança de uma vida nova e eterna para todos aqueles e aquelas que creem. Além de significar a vida plena em Cristo, a Ressurreição é a garantia de que a morte não tem a última palavra, a palavra final, pois Deus o desceu da cruz, dando-lhe a vida plena, acima de todos, e os que crêem, também com Ele ressuscitarão.
A perícope de Lucas escolhida para a nossa reflexão hoje, que também está presente em Mc 12,18-27, inicia com uma situação controversa, trazida pelos saduceus a Jesus. Para início de conversa, os saduceus não acreditavam na ressurreição. Eles eram judeus que faziam parte da elite religiosa, política e econômica na época. Estavam associados aos sacerdotes e ao Sinédrio, tribunal judaico supremo em Jerusalém. Eram materialistas e, por isso, só acreditavam naquilo que estava escrito na Torá, a Lei sagrada do judaísmo, negando a ressurreição e a vida após a morte. Os saduceus também faziam alianças com as autoridades romanas, para preservar seu poder e o controle sobre o Templo de Jerusalém.
“Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele”. (Lc 20,38) Somos filhos e filhas de Deus e não fomos criados para a morte, mas para a vida plena. Ao se contrapor aos saduceus e sua mentalidade materialista, Jesus os desarmam mostrando-lhes que a vida humana está acima de tudo e que mesmo na Torá, estava presente o poder supremo de Deus com a sua onisciência e onipresença transcendental. E que o Filho do Homem, veio para que a vida humana alcançasse a sua plenitude, cumprindo assim o sonho majestoso de Deus para a humanidade com a presença do Verbo Encarnado.
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá jamais”. (Jo 11,25-26) Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma necessidade física. Para a fé cristã a vida não é interrompida com a morte, mas caminha para a sua plenitude. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus e fazem o seguimento. Ao desmoralizar os saduceus, Jesus apresenta o ponto central das Escrituras: Deus é o Deus comprometido com a vida. Ele não criou ninguém para a morte, mas para a aliança consigo para sempre. Desta forma, a vida da ressurreição não pode ser imaginada como uma cópia do modo de vida que vivemos aqui neste mundo.


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