Faz parte do meu compromisso atual, valorizar a terceira idade e compreender os sentimentos dos idosos, assim como vê-los, com o avançar dos anos, cheios de vida e contribuindo com sua sabedoria e fé, apesar dos limites da idade.

Nelson Peixoto. Diretor de Liturgia da UNESER.

Assim sendo, escolhi escrever esse assunto a partir do que tenho ouvido na minha vida eclesial, ou seja, a de que a “Igreja é dos velhos”. Este escrito se situa no grande desejo de renovação das Paróquias tendo como indicador a participação e a comunhão dos ministérios, numa caminhada conjunta intergeracional, em sinodalidade, diríamos bem acertadamente.
Então:
Não é tão raro escutar essa afirmação: Igreja é dos velhos”. Para os idosos parece estranho e para os não idosos um chamado de participação e de conversão.

Com tristeza constatamos no processo de desenvolvimento de alguns cristãos, essa conclusão, ao que já se qualifica como sinal  de rejeição, uma forma pejorativa de considerar os idosos, querendo vê-los à margem, um tanto descartados da dinâmica da fé em comunidade. Será?

Não concordando com essa afirmação que usa o termo “velho”, pejorativamente, examinemos o que acontece nas paróquias, sobretudo, nas celebrações litúrgicas que podem estar precipitando essa expressão que denota um desejo de que idosos não deveriam estar mais protagonizando ministérios ou exercendo lideranças na comunidade eclesial:

1. Os idosos, de um modo geral, têm uma história e uma identificação com a vida da Paróquia. Até mesmo são eles que fazem a ligação com o passado, até mais do que os padres que chegam, e depois, partem para outras Paróquias.
Esse fato é garantia e fio condutor do crescimento da fé, das estruturas e do acolhimento dos novos membros que chegam de fora, ou daqueles que tendo crescido em contato por ali, se postam ou não, a se sentir participantes mais efetivos, para além de frequentar as missas. Esses, raramente, vem de uma trajetória desde a Catequese, Primeira Eucaristia, iniciação em alguma pastoral da Paróquia. Entre esses, poucos entram nas pastorais organizadas, talvez mais facilmente nos Movimentos que, de um modo geral, não executam uma Pastoral de Conjunto, fazendo que a entendamos como estratégia de controle e sim como abertura  missionária para novas respostas à realidade.

2. É fato que os idosos são os mais dinâmicos para manter o ritmo da fé e das celebrações. Aqui estou falando mais da comunidade paroquial que adotei, considerando-a mais fortemente como paróquia de atividades litúrgicas do que PARÓQUIA como Comunidades de Comunidades, com seguidores alegres no caminho aberto por Jesus, conforme o Evangelho de Lucas. Pois são nessas atividades litúrgicas, nos movimentos que aparecem e chamam atenção que está a maior e fiel participação dos idosos.

3. As pastorais setorizadas têm o costume de assumir as missas dominicais, ficando a liderança preparatória com alguns idosos, que de forma inconsciente, acabam fechando a participação dos mais novos. Os idosos, por sua vez, acham que esses não sabem seguir os procedimentos.  À primeira vista, tornam-se, por isso, forças impeditivas de adesão das mais pessoas e da renovação das Paróquias.

Conclusões para a pastoral:

a) Pensar em “Renovação das Paróquias” incentiva-nos a efetivar, idosos e não idosos,  a organizar, de forma planejada, uma pastoral de conjunto, e não apenas, subdividir-se, desarticuladamente, como Pastoral da Pessoa Idosa, da Catequese, do Dízimo, do Canto Litúrgico, assim como, dos grupos formados pelos Ministérios Extraordinário da Comunhão, pelos Leitores da Palavra,  Apostolado de Oração, dos Jovens, da Liturgia e do Grupo de Mães que Oram pelos Filhos e outros que houver ou a se criar.

b) O momento histórico das caminhadas paroquias  prestar-se-á para reiniciar com uma Assembleia Paroquial que centralize seu planejamento no anúncio de Jesus e de sua Boa Nova do Reino, e que torne a muitos atraídos por Ele, como servidores, discípulos e missionários deste mundo ferido pela polarizacões.

c) A graça de um novo tempo para as Paróquias, pode acontecer desde o começo do Novo Ano Litúrgico C, cujo Evangelista é São Lucas e seu relato prazeroso de Jesus, o Salvador enviado por Deus “para buscar e salvar o que estava perdido”.
Com Lucas que é considerado o mais acessível para captar mensagem de Jesus como Boa Nova, o Evangelho da Alegria, no qual somos convidados a abraçar Jesus com muito prazer.

(Nelson Peixoto – fim de Ano Litúrgico B – novembro de 2021)