Nelson Peixoto. Diretor de Liturgia da UNESER.

Do Dia 08 de dezembro da Imaculada Conceição ao dia 18 de dezembro, com a festa da Nossa Senhora do Bom Parto, fortaleçamos nossa espera para a vinda de Jesus e para o acontecer do direito das crianças encontrarem uma família para crescerem felizes e protegidas. São José discutiu, porque se entregou à fertilidade do Espírito que pousou e gerou toda a Criação. Muito mais simples e convincente foi gerar Maria de Nazaré, livre de qualquer resquício do pecado, desde sua concepção em Sant’Ana, sem deixar de ser humana e de partilhar suas virtudes conosco.

A cidadezinha de Nazaré tornou-se o jardim florido que Isaías, em 11,1-2, declarou sobre Maria e seu Filho.
…”porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o Espírito do Senhor….” E sobre Maria, primorosa Virgem Imaculada, o Pai, no anúncio do anjo, declarou:
… “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. …“O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. (Lucas 1,26-ss).
A gravidez de Maria acontece em um contexto de muita simplicidade rural e de muita esperança na aldeia de Nazaré. Aguardava-se um bom parto, sem pré-natal, mas certamente com a sabedoria das idosas e seus chás. Havia, também,
muita confusão política e urgências para migrar, salvar o menino que se identifica com tantos outros, nesse nosso mundo ferido que ainda mata, abandona e força a migrar. Se nascer vivo e não morrer, terá dificuldades para crescer em sabedoria e graça, diante de Deus e de todos.
Com essa profissão de fé e de esperança, faço uma ilustração, correndo no tempo e chegando à expectativa do Advento de 1994, onde vivi meu segundo ministério.
Na Aldeia SOS, a Nazaré iniciante da minha missão, não tinha seus meninos Jesus, como está escrito na História Cronológica das Aldeias Infantis no Amazonas:
“O Natal acontece sem meninos Jesus. Afinal, não tinha sido acolhida nenhuma criança. Como a Virgem Maria, a Aldeia SOS do Amazonas, estava grávida, ou seja, em treinamento com as futuras mães “Marias”, numa espera ansiosa e trabalhada, preparando o coração para acolher seus filhos. A Igrejinha de Nossa Senhora do Bom Parto, que estava próxima à sede da Aldeia, erigia o sinal certo de nascimento de uma vida vitoriosa”.
Meu interesse por Nossa Senhora do Bom Parto situa-me nesse evento relatado e  em mais dois outros, de espiritualidade espiritana e redentorista que reconheço.
ESPIRITANA
1. A história registra que o fundador dos Espiritanos, Padre Cláudio Poullart dês Places, juntamente com doze companheiros pobres, fundou a Congregação do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria, em 1703. Seu pequeno grupo cresceu rapidamente porque a devoção à Senhora do Bom Parto, chamada, originalmente, de Virgem Negra de Paris pelos antigos, tinha na cor negra o símbolo que evocava a fertilidade física e espiritual de Maria.
Os Espiritanos, sob a força geradora do Espírito Santo, tiveram a expansão vocacional surpreendente. Pois, depois da consagração, que os primeiros fizeram aos pés da Virgem Maria, a Imaculada geradora de vocações missionárias, expandiu-se pelo mundo e chegou até o Rio Amazonas, Rio Tefé e Juruá.

2. O outro evento vem-nos de Geraldo Magella, companheiro, não presbítero da Congregação Redentorista, que já em vida, e após a morte,  era o santo protetor das mães inférteis e grávidas para o sucesso da concepção e de um bom parto. Tanto é que, ao redor da imagem, estão mulheres grávidas, prontas e confiantes para dar a luz e a apresentar os filhos para receberem a Luz de Cristo e se unirem à Maternidade de Maria.

Festa da Imaculada, dogma da Conceição sem pecado! Dia de fecundação vocacional no batismo, cuja fonte abastecerá o mundo de ministérios variados e edificantes do Reino de Deus, crescendo no meio de nós.