“O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai”. Ah, meu bom Jesus, te valeste da tua inspiração divina para evocar com poesia o vento. Falavas, é verdade, com Nicodemos, um doutor da lei, distinto dos demais de sua época, que se fizera aluno humilde a entender a nova Verdade que andavas a apregoar e com que atraias multidões, sedentas não só do pão, como ainda da redenção. E realizavas milagres, a curar os enfermos, a saciar a fome dos famintos. Defendias o acolhimento prioritário das criancinhas, perdoavas os pecadores e ensinavas que também nós devemos perdoar a quem nos ofende. E divulgavas a misericórdia do Pai celestial, ensinando-nos a rezar e a pedir a Ele que não nos deixe faltar o sustento de cada dia e que nos livre de todo mal. Mas, meu bom Jesus, chegou enfim o dia em que o sol escureceu os nossos corações e foste perseguido, flagelado e martirizado. E foram poucos os que tiveram força e meios para levarem teu corpo inerte ao Santo Sepulcro. Dentre eles, no dizer do Evangelista João, estava Nicodemos, o doutor da lei, aquele que, ao lado do Mestre, sentira na face o sopro do vento anunciando o tempo da salvação!
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