Quinta feira da Quinta Semana da Páscoa. O Ressuscitado segue vivo no meio de nós, mas no dia de hoje nos voltamos para ela, já que a Igreja Católica está em festa. Nesta data, celebramos a memória de Santa Rita de Cássia, intercessora das famílias e a defensora das causas impossíveis. Nascida na Itália (Roccaporena) em 1381, era uma freira agostiniana de muita fé. Faleceu em 22 de maio de 1457, sendo beatificada pelo Papa Urbano VIII, e canonizada pelo Papa Leão XIII, em 1900. Uma das frases ditas por esta grande mulher tem tudo a ver com o contexto litúrgico que estamos refletindo nestes dias, a caminho de Pentecostes. Dizia ela: “O amor vence todas as dificuldades, mesmo as mais dolorosas”. Santa Rita de Cassia rogai por nós, para que sejamos fieis na nossa caminhada de fé!

Caminhada que vai se fazendo cada vez mais difícil, principalmente com alguns parlamentares que temos em nosso Congresso Nacional. Justamente hoje, em que comemoramos o “Dia Internacional da Biodiversidade Biológica”, ficamos sabendo que o Senado aprovou nesta quarta-feira (21), por 54 votos a 13, o projeto que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental (LGLA). O PL 2.159/2021. Quem está mesmo rindo à toa são os ruralistas do Agronegócio, que agora podem promover ainda mais a destruição ambiental que já vinha acontecendo em larga escala. Tem razão de estarem preocupados os nossos indígenas daqui. Eu mesmo já senti na pele a provocação de um destes ruralistas, depois de saber que o tal projeto foi aprovado descaradamente. A Casa Comum precisa ser cuidada e protegida, muito mais agora, depois desta insanidade dos nossos indígnos “representantes”.

Valha-nos São Francisco de Assis! Intercede por nós e pela Ecologia Integral, Papa Francisco que, certamente, lá de cima está esconjurando estes homicidas ambientais. Não devemos nos preocupar apenas com as questões ambientais, mas também com tudo aquilo que vem junto com a aprovação deste projeto: genocídio, ecocídio e etnocídio. Mais do que nunca devemos clamar a Deus pela Nossa Mãe Terra, já que a nossa Conversão Ecológica se faz urgente e necessária. Como bem disse o Papa Francisco em sua Encíclica Laudato Si (LS): “É preciso que a humanidade aja em favor de uma ecologia integral, da natureza e do homem na sua totalidade, porque a exploração do meio ambiente, numa atitude de egoísmo, indiferença, exploração, com estilos de vida irresponsáveis estão ameaçando o futuro da humanidade”.

Que venha o amor! O amor de Deus que transfigura na pessoa do Filho, que no dia de hoje segue nos conclamando para a urgência deste amor, como projeto para as nossas vidas. O Deus da vida, que é amor em plenitude infinita, nos quer também amorosos em nosso ser, agir e pensar cotidianamente. Não um amor de sentimentos vazios interiores, inflado de boas intenções, mas aquele que se traduz nas ações concretas que vamos viabilizando em nosso agir concreto. Tudo o que se faz por amor tem uma dimensão maior, que transcende o ser que ama, fazendo de nós um ser com Ele. Somos o amor que trazemos em nós, que não vem de nós, mas daquele que nos fez por amor: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”. (Jo 15,9)

O amor é completamente diferente da fé do medo. Infelizmente, num determinado momento de nossa história, alguns membros da Igreja se especializaram em espalhar a fé do medo, transmitindo aos fieis a imagem de um Deus diferente daquela que Jesus veio realmente nos trazer: O Deus da amorosidade, da misericórdia e da compaixão. Diferente desta naquela ideia, o Deus concebido e repassado é um ser rancoroso, como a um carrasco, sempre pronto a castigar os seus, pelos descaminhos da vida errante. Esta concepção de uma teologia equivocada, foi deixando de lado uma das falas soteriológicas (salvação) importantes de Jesus, transcritas pelo mesmo evangelista São João: “Eu não condeno quem ouve as minhas palavras e não obedece a elas, porque eu não vim para condenar o mundo, mas para salvar o mundo”. (Jo 12,47)

Somos frutos do amor! O amor divino, infinito e incondicional de Deus está em nós! Somos obras da criação de Deus! Foi através de uma relação de amorosidade, que os nossos pais nos fizeram presentes neste mundo, contribuindo assim com a realidade criacional de Deus. Ao sermos semeados no ventre da nossa mãe, fomos plasmados para este Cosmos, para alcançarmos a vida em plenitude total. Desta forma, somos também chamados a sermos sementeiras vivas deste amor do Pai: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”. (Jo 15,10) Assim sendo, somos chamados a desenvolver em nós a mesma experiência relacional de Jesus com Deus. É esta comunhão de amor que está na origem de todas as intervenções maravilhosas de Deus para nos salvar a todos. Mais importante que amar a Deus/Jesus, é deixar-nos ser amados por Eles. Amor este que acontece em forma de testemunho de uma vida que se faz doação pelas causas do Reino. Parece difícil e até mesmo impossível, mas, como Santa Rita mesmo disse devemos acreditar na força do amor pois, “Quando tudo parecer perdido, confia e reza. Deus age no silêncio”. Que venham todas as causas impossíveis, né!?