Quinta feira da 26º Semana do Tempo Comum. Se no dia 29 de setembro, celebramos os Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, neste dia 2 de outubro, é a vez de celebrarmos a Memória dos Santos Anjos da Guarda. Uma origem espanhola, do século V, quando os países europeus passaram a comemorar os anjos da guarda. A criação desta data foi autorizada pelo Papa Clemente X e somente depois, foi divulgada publicamente pelo papa Paulo V. Nessa data, são lembrados os anjos protetores de cada pessoa, conforme acredita o Catolicismo. Segundo a Igreja Católica, anjo da guarda é aquele que tem a função de proteger das tentações, do pecado e nos amparar desde o nascimento. É desta forma que rezamos desde pequenos, ensinados pelas nossas mamães: “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe e me ilumine. Amém!”

Outubro, o mês missionário, vem dando as suas coordenadas em meio à estação primaveril, com temperaturas típicas do verão. Estamos atravessando 275º do nosso calendário gregoriano, o que significa que outros 90 dias nos farão chegar ao ano vindouro. Na data de hoje é comemorado o Dia Internacional da Não-Violência. Uma data importante para nos desarmarmos de nossos espíritos belicistas, e estabelecer a cultura de paz. De acordo com a resolução A / RES / 61/271 da Assembleia Geral da ONU, esta é uma ocasião para “divulgar a mensagem da não-violência, inclusive por meio da educação e da conscientização pública”. Um dos maiores lutadores da Não-Violência nasceu no dia 2 de outubro: Mahatma Gandhi (1869-1948). O líder indiano, defensor máximo da cultura de paz, foi barbaramente assassinado. Ele que repetia reiteradamente: “Não há caminho para a paz. A paz é o caminho” e “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Construir a cultura de paz, num mundo em que a guerra é a principal arma dos poderosos para ceifar a vida de pessoas inocentes, como estamos vendo acontecer na Faixa de Gaza, em que o governo sionista de Israel, está promovendo o genocídio de toda uma população civil. Mulheres e crianças, como as principais vítimas deste holocausto, só antes visto, nos Campos de Concentração, durante a Segunda Guerra Mundial (1 de setembro de 1939 – 2 de setembro de 1945) “É um massacre por parte de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças. É contra isso que a humanidade tem que se indignar”, disse o presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, com quem havia concluído parte da agenda da visita de Estado. O Mundo tem “obrigação de evitar genocídio em Gaza”, diz a relatora da ONU.

“Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo”. (Jo 14,27) A paz é a plena realização humana. Ela só é possível se aquele que rege uma sociedade desumana for destituído de poder. A paz da qual Jesus está se referindo é aquela que vem com a construção do Reino de Deus entre nós. Reino este que não passa pela lógica do poder que se que se impõe, mas pelo despojamento, pela simplicidade e pela vida dos pequenos que se fazem como crianças. Pelo menos é assim que Jesus, no texto de Mateus de hoje, deixa entender para os seus discípulos: “Se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”. (Mt 18,3)

Tal afirmação categórica e contundente de Jesus surge como resposta a uma pergunta feita pelos discípulos: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” (Mt 18,1) Para Jesus, a comunidade cristã, a nova sociedade trazida por Ele, não é a reprodução de algo que se baseia na riqueza e no poder. No Reino, é maior ou mais importante àquele que se converte, deixando todas as pretensões sociais, para pertencer a um grupo que acolhe fraternalmente Jesus na pessoa dos pequenos, fracos e pobres marginalizados. Deus não escolhe que o seu Filho nasça no palácio do Rei Herodes, mas no seio de uma família pobre da periferia de Nazaré. O maior é o menor! Esta é a lógica de Deus que devemos trazer para dentro das nossas relações.

Converter para ser como uma criança. Isso não significa sermos ingênuos, mas apropriar-nos da simplicidade e da ausência de maldade, da qual o coração da criança está repleto. Humildade, pureza de coração, e receptividade, tudo que a criança é em sua essência. Diferentemente do adulto que se deixa levar pela soberba, pela malícia e autossuficiência. A criança confia totalmente naqueles que estão a sua volta. Este é que deve ser o nosso ser diante de Deus. Como a criança que ama e perdoa com facilidade, sejamos as crianças que veem o mundo sem pretensões sociais: elas são simples, não tem poder nem ambições. Na compreensão de Jesus, a criança é o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo, pronto para receber o Reino. Deixemos que o nosso ser criança, há muito adormecido dentro de nós, seja protagonista do mundo de paz e justiça que queremos ver acontecer neste mundo. Que o nosso Anjo da Guarda, nos ajude nesta difícil missão!