Terça feira da Décima Nona Semana do Tempo Comum. Nossa Senhora da Assunção. Apesar de ser o dia dela, e deste título dado à Maria de Nazaré, a Solenidade de Nossa Senhora da Assunção, é celebrada no próximo domingo (20). A Assunção de Nossa Senhora é um dogma de fé entre muitos outros. Para a Igreja Católica, dogma é uma verdade de fé revelada por Deus. Assim sendo, um dogma é imutável e definitivo; não pode ser mudado nem revogado, pois Deus, sendo Perfeito e Eterno, não está sujeito à mudanças, como assim expressa a Carta aos Hebreus: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje, e será sempre o mesmo. (Hb 13,8). Por seu testemunho na vida e na morte, Jesus Cristo tornou-se o paradigma para a realização definitiva para todos nós

Estamos hoje em festa, pois a Mãe é a padroeira de São Félix do Araguaia. A Assunção de Maria é celebrada desde o século V, com o significado de “Nascimento para o Céu”, Como Jesus, ela venceu a morte. Coube ao Papa Pio XII, em meados do século XX (1950) proclamar o Dogma da Assunção de Maria, que foi elevada ao céu de corpo e alma. Um prêmio àquela que assumiu com todos os riscos, ser protagonista do Projeto Salvador de Deus, sendo a Mãe do Filho de Deus. Uma mulher da periferia do fim do mundo, mas também uma mulher de Deus. Seu Sim e sua fé inabalável, fez dela a primeira e fiel discípula do Mestre, renovando a esperança de todos aqueles que acreditam. Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!

Acordei nesta manhã rezando no silêncio escultural de meu quintal. Entre um canto e outro dos pássaros, trouxe muito presente comigo a figura da mãe que acolhe os seus na amorosidade infinita. Maria sempre esteve presente em minha vida desde a infância. Eu sempre consegui ver a figura dela, presente em minha mãe. Esta foi a imagem que me acompanhou ao longo da vida, pois se a minha mãe, com todas as suas limitações, espelhava o rosto materno de Maria, eu ficava imaginando como não seria o acolher da Mãe de Jesus com toda a sua dedicação e amorosidade. Maria, portanto, sempre esteve junto a mim, nas alegrias e nos embates da vida.

As coisas de Deus são muito boas. Tudo o que Ele faz é muito bom. Esta é a rotina da Criação desde o início: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom”. (Gn 1,31) Somos obras da criação e devemos viver com esta projeção. A criação toda é marcada pelo selo de Deus: “Era bom”. “Muito bom”. Deus que nos faz iguais, homens e mulheres, criados à imagem e semelhança d’Ele. Ninguém é maior do que ninguém e assim dominar os demais como seres superiores. Nosso educador e maior pedagogo de nossa história incorporou este espírito na educação ao afirmar: “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”.

Mas não foi assim que os discípulos de Jesus estavam vendo as coisas. A pergunta que eles dirigem a Jesus denota o espirito competitivo que ainda havia entre eles: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” (Mt 18,1) No entendimento deles, o Reino seria uma projeção da sociedade em que eles estavam vivendo, com alguns se sobrepondo aos demais. No texto de hoje, Mateus nos traz mais um dos discursos de Jesus. Discursos (“Sermões”) estes, que estão presentes na estrutura do texto do evangelista Mateus assim distribuídos: o Sermão da Montanha (5 a 7); a constituição dos Doze (10); as Parábolas (13); sem títulos definidos (18); a Denúncia contra os Escribas e Fariseus (23) e o Discurso do Monte das Oliveiras (24 e 25).

Quem é o maior na concepção de Jesus? A comunidade cristã não pode ser a reprodução de uma sociedade que se baseia na riqueza e no poder. Para Jesus, é maior ou mais importante aquele e aquela que se convertem, deixando todas as pretensões sociais, para pertencer a um grupo que acolhe fraternalmente Jesus na pessoa dos pequenos, fracos e empobrecidos. O seguidor e a seguidora de Jesus, devemos evitar a busca de poder, prestígio, regalias e privilégios. Tais atitudes levam para dentro da comunidade o espírito de competição e superioridade. Ao colocar as crianças como protagonistas primeiras do Reino, Jesus quer nos mostrar que devemos ser como elas: simples, puras, “inocentes” e desapegadas. Desprovidos de todos os interesses pessoais egoístas, que satisfaçam os nossos desejos e caprichos de superioridade sobre as demais pessoas. Sejamos nós os acolhedores de Jesus e do Reino de Deus nas crianças que um dia fomos, revitalizando o espirito dela em nossas atitudes.