Terça feira da 30ª Semana do Tempo Comum. O mês de outubro está indo embora, e as chuvas não chegaram ainda aqui pelas bandas do Araguaia. Um mês completamente atípico. Nestes 33 anos que estou por aqui, confesso que é a primeira vez que vejo um outubro tão seco, e com as águas do Araguaia tão baixas. Sinais dos tempos de uma devastação que estamos cometendo com a Mãe Natureza. A Terra dá sinais de que está cansada de nós. Se não mudarmos a nossa relação com a natureza, colheremos frutos amargos daqui por diante, colocando em risco as futuras gerações. É fundamental trabalhar na prevenção e preservação do meio ambiente, com ações diárias como reduzir o consumo, reciclar, economizar água e energia, evitando o uso de plástico descartável e o desperdício. Plantar árvores é fundamental.

Uma terça feira de festa na Igreja. No dia de hoje a liturgia nos traz a Memória dos Santos Simão e Judas, discípulos e Apóstolos de Jesus. Dois discípulos menos conhecidos que os demais, embora sejam parentes muito próximos de Jesus, pois eram dois de seus primos, já que, segundo a tradição, Judas Tadeu, cujo pai era Alfeu, era irmão de José; enquanto sua mãe, Maria de Cléofas, era prima de Maria. Por outro lado, sobre a existência de Simão, a tradição é bastante vaga. Simão, palavra hebraica que significa “zeloso”, tinha o cognome de Cananeu, derivado de Caná, aldeia da Galileia. Era também chamado de Simão, o Zelote. Os zelotes eram um grupo revolucionário judaico do século I que se opunha violentamente contra a dominação romana na Judeia, buscando a sua independência judaica, dos poderes dominantes do Império romano.

Uma terça feira em que a palavra-chave da reflexão bíblica de hoje é a oração. O texto de Lucas, escolhido para hoje, inicia-se mostrando um Jesus orante. Aliás, esta é uma das características especificas deste evangelista, que destaca a vida orante de Jesus, mostrando-o frequentemente retirando-se para orar em momentos importantes, decisivos, e ensinando a necessidade de rezar sempre. Sim, porque neste contexto, a oração é apresentada como um elemento central na vida de Jesus, indicando sua profunda comunhão com Deus Pai: “Eu e o Pai somos um!” (Jo 10,30) O significado principal é que Jesus e o Pai compartilham a mesma essência divina, autoridade, misericórdia e gratuidade, sendo um só em divindade, embora sejam pessoas distintas dentro do mistério da Santíssima Trindade.

Jesus rezava sempre! A oração é a base fundamental da vida cristã. O valor da oração reside em sua capacidade de promover a nossa comunhão com o ser divino de Deus, fortalecendo a caminhada de fé, a conexão com o mistério e a busca por orientação na vida que se faz na história. Desta forma, a oração é vista como uma grande ferramenta, onde podemos expressar o nosso diálogo com Deus, em forma de gratidão, intercessão e confissão das nossas limitações, além de ser um meio elementar para alcançar a paz interior, força nos desafios e, sobretudo, nas decisões importantes que vamos fazendo ao longo da vida. Em algumas tradições religiosas, a oração é considerada uma manifestação profunda da “alma” e um meio eficaz de transformação pessoal e coletiva, sendo capaz de trazer a libertação de que tanto necessitamos.

Nos Evangelhos, de maneira geral, encontramos várias passagens nas quais, Jesus é apresentado como um cidadão orante: no silêncio da noite, em um lugar separado em profunda e prolongada sintonia e comunhão com o Pai. Jesus reservava estes momentos para estar a sós com Deus. Geralmente, a oração solitária de Jesus, precede ou segue a algum acontecimento muito importante, em que Ele tinha que tomar alguma decisão. Não se tratava de uma solidão marcada por um vazio existencial, mas de intimidade e cumplicidade com o Pai, e com os rostos marcados pela dor e sofrimento dos pobres, dos doentes, dos oprimidos. Não se caracterizava por uma fuga dos problemas, mas de uma imersão profunda na realidade, se fazendo solidário às dores dos sofredores: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos.” (Lc 10, 21)

Oração encanada na história e não uma fuga da realidade! Oração que transforma vidas e promove a justiça do Reino. Na oração, expressamos o nosso compromisso com a justiça do Reino, que se traduz em serviço aos mais necessitados, fazendo assim acontecer a vontade de Deus. A oração não deve fazer parte da nossa vida, mas ser a essência do nosso existir. Através da oração vamos definindo os passos que devemos dar no cumprimento da nossa missão. Assim como Jesus chamou para junto de si os doze iniciantes discípulos, Ele também nos chama, para darmos continuidade à mesma missão d’Ele. Neste sentido, a oração nos ajuda também a definir e discernir os passos que devemos dar no cumprimento desta missão, de produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo os poderosos de seus tronos, como nos disse a Mãe de Jesus.