Sétimo Domingo do Tempo Comum.

Francisco (Chico) Machado. Missionário e escritor.

O sonho de Deus vai desenhando em nós na medida em que vamos abraçando as causas do amor. Somos o espelho da amorosidade deste Deus, que se derrete todo por nós: “Eu não vim para julgar o mundo, mas sim para salvá-lo”. (Jo 3,17) Esta foi uma das afirmações de Jesus.

Somos filhos e filhas deste mesmo Deus da misericórdia. Relacionar com Ele significa estar imbuídos deste mesmo amor que dele nos advém. A ternura com que nos ama faz também relacionarmos com os nossos irmãos na mesma dimensão. Amor a toda prova na feitura do Reino de relações de fraternidade, onde a compaixão esteja à frente das nossas atitudes e ações.

Um domingo muito distante das águas do meu Araguaia. Seu banzeiro balança saudoso dentro de mim, com seus mistérios de encantamento. Trinta e um anos me separa da primeira vez que os meus olhos pousaram sobre suas águas. Amor a primeira vista de fascínio e paixão. Casamento em formato de cumplicidade e fidelidade à história que construimos juntos.

Um domingo que damos continuidade mais uma vez a leitura do “Sermão da Montanha” que nos traz o Evangelho de Mateus. Três domingos seguidos esmiuçando o discurso de Jesus, apresentando a Boa Nova do Reino, fazendo chegar até nós o Projeto de Deus. Um projeto de sociedade que não há espaço para o ódio e a vingança, mas para a supremacia do amor gratuito e incondicional. No lugar do cumprimento da lei ao pé da letra, a solicitude do amor. No coração que ama não há espaço para o desejo de vingança.

A Boa Nova do Evangelho das palavras colocadas por Mateus na boca de Jesus propõe uma atitude renovada, onde se possa eliminar pela raiz o círculo desastroso e diabólico da violência. Os que se deixam levar pelas coordenadas do amor, não podem jamais usar das mesmas armas daqueles que as usam para provocar todo o seu desamor.

A nova sociedade trazida por Jesus é regida pela lógica do amor. Amor gratuito e de desapego total de si para se dar todo na relação de amorosidade. O coração que ama se deixa levar pela lógica de Deus, na perspectiva do relacionamento humano estabelecendo fronteiras para daquelas que as pessoas costumam construir. Uma nova perspectiva do viver neste mundo como resumiu poeticamente Vinícius de Moraes: “Assim como viver sem ter amor não é viver, não há você sem mim e eu não existo sem você”. Jesus nos garantiu que, quando o amor de Deus faz morada em nós, alcançamos um patamar superior ao ponto de “sermos perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”. (MT 5,48)