Quinto Domingo da Páscoa. O tempo cronológico segue passando veloz. Diferente do tempo de Deus (Kairós), que se faz no aqui e agora de nossa história, vamos trilhando os passos, adentrando no projeto libertador que Jesus inaugurou no meio de nós. O kairós se fazendo na nossa cronologia histórica, oportunizando-nos experimentar Deus nos meandros de nossa existência. Deus é amor e a essência deste se faz em nossa essência humana.
18 de maio. Neste 138° de nosso calendário, estamos vivenciando os 10 primeiros dias do pontificado de Robert Francis Prevost, 69 anos, 267° Papa da história da Igreja, que adotou o nome de Leão XIV. Cada dia vamos desenhando o seu perfil, acreditando ainda no legado de Francisco, que precisa ser continuado. Uma das primeiras frases ditas pelo novo pontífice, tem tudo a ver com a temática que o texto do evangelho de hoje nos traz: “Deus nos ama. Deus ama a todos vocês. O mal não vai prevalecer. Estamos todos nas mãos de Deus. Sem medo, juntos e de mãos dadas com Deus, prossigamos.”
Apesar de estar em meu período de convalescença da cirurgia de catarata, aproveitei do frescor da manhã e do Sol ainda despertando, para rezar com o nosso eterno pastor Pedro. A manhã estava lindíssima, digna de um cartão postal, tanto que não resisti a tentação, e fiz o registro com a câmera do celular. Pedi a intercessão de Pedro por todos nós, sobretudo pelos caminhos tortuosos pelos quais andam algumas lideranças de nossa Igreja. Pedro, diferenciado que era, viveu de forma simples, expressando desta forma o seu jeito pastor: “Teu báculo será a verdade do Evangelho e a confiança do teu povo em ti”.
Deus é amor! O Filho é amor em pessoa! Jesus é a essência deste amor de Deus. Não falou apenas do amor, mas viveu em tudo esta relação de amorosidade entre Pai e Filho. Não vivia este amor apenas como um sentimento interior, mas deixou transparecê-lo em todas as suas ações e gestos concretos de amorosidade. Este é também o desafio que devemos encarar como forma de viver a fé, nas entrelinhas de nossa existência, de relações de amorosidade que devemos construir entre nós. Quem não vive este amor em profundidade, trai a sua essência de ser enquanto ser, como obra perfeita do Criador.
“Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. (Jo 13,34) Jesus”dando a letra” (como costuma dizer a nossa juventude), para o seu discipulado. Simples assim: amar como Jesus amou. Amar a Deus, amar a si mesmo, amar o outro que está ao meu lado. Não existe uma relação vertical nossa com Deus, sem primeiro passar pela nossa relação horizontal com os irmãos. Amar este irmão é muito mais do que olhar para ele com “boas intenções”. Requer um compromisso de causa na caminhada com este.
“A medida do amor é amar sem medida”, afirmava sabiamente Santo Agostinho. Este “mandamento novo”, que Jesus hoje nos traz, supera todos os outros mandamentos. Deus e nós, somos inseparáveis. Somente amando-nos mutuamente que amaremos a Deus. Em Jesus, Deus se fez presente em nossa história, tornando-nos intocáveis. Tal mandamento novo gera uma sociedade nova, oportunizando-nos uma alternativa de vida digna e liberdade perante a morte e a opressão, que insiste prevalecer pelas forças do mal. “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. (Jo 13, 35)
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