Décimo Terceiro Domingo do Tempo Comum. Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos. Apesar de serem celebrados no dia 29 de junho que, segundo uma antiga tradição romana, é o dia em que os dois Apóstolos foram martirizados, a Igreja escolhe o domingo seguinte para realizar de maneira especial um culto a estas duas Colunas da Igreja, considerados como dois gigantes da fé. Cada qual a seu jeito, contribuíram enormemente para a difusão da proposta de Jesus e do cristianismo, sendo o primeiro como alicerce, e o segundo como uma coluna importantíssima para fazer o cristianismo alcançar novos horizontes geográficos e existenciais.

No dia em que a Igreja celebra solenemente a vida de Pedro e Paulo, também é o “Dia do Papa”. Esta lembrança se deve ao fato de São Pedro ser considerado o primeiro Papa da Igreja para os católicos, edificado a partir de uma das falas de Jesus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra eu irei construir a minha Igreja; e as portas do inferno não irão derrotá-la”. (Mt 16,18) Aliás, Pedro foi aquele que mais tempo ficou no papado, permanecendo por 37 anos seguidos nesta missão. Viva o Papa Francisco, que no dia de hoje (02/07/2023), durante a “Oração do Angelus” em Roma, disse: “Profeta é aquele que, em virtude do Batismo, ajuda os outros a ler o presente sob a ação do Espírito Santo. É muito importante ler o presente não como uma crônica, mas lê-lo como iluminado e sob a ação do Espírito Santo que ajuda a compreender os projetos de Deus e a corresponder a eles”,

Pedro e Paulo a espinha dorsal da Igreja primitiva, cuja missão de anunciar a Boa Nova do Reino, custou-lhes a vida. Se um deles é considerado o alicerce, o outro é uma das colunas de sustentação da proposta de Jesus, expandido o cristianismo para além das fronteiras do Império Romano. Santo Agostinho, no século V, já nos dizia: “Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos Apóstolos. Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois Apóstolos”.

A solenidade de São Pedro e São Paulo é muito antiga. Remonta ao século III. Lembrando que na antiguidade, as festas dos santos eram celebradas em seus próprios túmulos ou na proximidade deles. Para este Décimo Terceiro Domingo a liturgia nos propõe a reflexão do Evangelho de Mateus (Mt 16,13-19). Em todos os anos desta solenidade, é escolhido sempre o mesmo evangelho, embora que, o mesmo episódio de hoje, aparece nos três Evangelhos Sinóticos (Mt 16,13-19; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21), sabendo que a versão de Mateus traz alguns elementos a mais de maior significado para o contexto. Assim, com o texto de hoje, interrompemos a leitura sequente que vínhamos fazendo ao longo deste Tempo Litúrgico Comum.

Jesus, chegando à região de Cesareia de Felipe, uma pequena cidade localizada ao norte do Mar da Galileia, na região do Monte Hermom, quer saber dos seus discípulos e discípulas, qual era o entendimento que as pessoas estavam tendo a respeito de quem era ele mesmo: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16,13) Uma pergunta direcionada primeiramente às outras pessoas, mas também Jesus se volta para eles e faz a mesma pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou? (Mt 16,15) De certa maneira, Jesus força os seus seguidores a fazerem uma revisão de tudo o que ele havia realizado no meio do povo, principalmente dos empobrecidos. Ou seja, o messianismo de Jesus estava sendo avaliado, e Pedro, como sempre, faz a sua bela profissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. (Mt 16,16)

Jesus não é um Messias glorioso e triunfalista, como um rei coroado de ornamentos figurativos, mas a sua ação messiânica consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói as estruturas de uma sociedade injusta, onde “há ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres”. A sociedade (Reino) pensada por Deus e realizada por Jesus é a da partilha, fundamentada no amor incondicional. A pergunta de Jesus se estende a todos nós de maneira geral: “Quem sou eu para você?”. “Como você me vê e sente?” “O que represento na sua vida?” “Como você me apresenta aos outros?” Perguntas estas que não cabem respostas meramente teóricas, de uma mente pensante, mas respostas consistentes, dadas por um coração que é capaz de amar, gratuita e incondicionalmente. Com todas as suas limitações, Pedro e Paulo responderam com a vida, doada pelas mesmas causas de Jesus. Que possamos trazer em nós o mesmo espirito de entrega destes apóstolos Pedro, Paulo e Francisco, nosso Pedro da vez. Vidas pela vida! Vidas pelo Reino!