Nosso interesse para maior fidelidade a Jesus distancia-nos da proximidade d’Ele para obter vantagens e um restinho de poder.

Nelson Peixoto. Diretor de Liturgia da UNESER.

Nem primeiro e nem último lugar. Ao lado é melhor, ombreado no seguimento ao seu estilo real de amar: a serviço da vida humana plena, incansável e de confiante dedicação amorosa.
Tudo bem se no passado foram usadas linguagens, no contexto das épocas, com certo fervor militante.
A LEGIÃO DE MARIA, por exemplo, da qual minha mãe fez parte era puro serviço aos frágeis socialmente, inclusive juntando mulheres humildes para se ajudarem mutuamente como protagonistas contra as vulnerabilidades da época.
Mais distantes no tempo, temos os Templários e seus Cavaleiros, como práticas inspiradas, mas também contagiadas de poderio colonizador, facilmente propenso à violência física e psicológica para as conquistas em nome da fé.
Hoje, se não cuidarmos de aprofundar o estilo pobre de ser “rei” que o Vaticano II recuperou e o Papa Francisco verbaliza, corremos riscos de editar uma nova cristandade no que tem de menos fiel a Jesus.

Velho sonho de uma só “Cidade Terrena” identificada como “Igreja”, com os poderes desse velho mundo “monárquico” ou cada vez menos profundamente democrático.

Surgem outros nomes e conteúdos de organizações que nos colocam preocupados. Nem sei se posso dizer dos anunciadores da “boa nova” que se atribuem papel mais superior aos demais servidores do Reino.
Certamente, na Igreja de hoje, pesquisadores e analistas do exercício dos ministérios notam que o profetismo das pregações diminuiu, cedendo ao estilo coaching de autoestima, numa linguagem para o sucesso e a prosperidade, que nem sempre sintoniza ao que Jesus anunciou quando disse a Pilatos que era Rei.

Testemunho da Verdade que liberta quando a relação se faz pelo serviço de lavar os pés, construindo o Reino de Justiça e Fraternidade no jogar fora das armas e dos ódios.

Se, no Antigo Testamento, havia a tensão entre a Monarquia e o Profetismo, há de se supor que, como escreve São Paulo, serviu como “pedagogia” que nos conduziu a REALEZA de Jesus.

Somos, então, Discípulos e Missionários, servidores que servem a Copiosa Redenção no mundo ferido.