Terça feira da Vigésima Segunda Semana do Tempo Comum. Como o mês de setembro é o mês da primavera, na data de hoje comemoramos o Dia do Florista. Oportunidade para homenagear a todos os profissionais responsáveis por cultivarem flores, compor buquês, vasos e arranjos, além de deixarem a vida das pessoas mais perfumadas, belas e coloridas. É nesta época do ano, que os nossos Ipês do Araguaia, alegram os nossos olhares, exalando perfumes e flores nas mais variadas cores. Aqui e acolá, eles reacendem a nossa esperança de que mais uma primavera vai florir em nossas vidas.

Acordei um pouco assustado nesta manhã. Me esqueci de que estou na cidade grande, onde o barulho dos motores dos carros madrugam e não são os mesmos dos pássaros que ouço, cada manhã, anunciando o dia em meu quintal. Definitivamente, não sou mais o homem da cidade grande, ainda que na minha juventude presbiteral, realizava as minhas utopias pastorais na periferia da maior cidade do Brasil. O ser matuto que me 6transformei, me faz feliz ao lado dos povos indígenas que me ensinam a cada dia, o caminho da felicidade.

Aprendendo e ensinando com eles. Nunca imaginei que uma das máximas de Paulo Freire, fosse tão real em minha vida, na relação com eles: “Quem ensina, aprende ao ensinar. E quem aprende, ensina ao aprender”. É assim que a minha vida vai ganhando contornos de cumplicidade nas causas indígenas que abracei, graças a nosso bispo Pedro que me apontou como estrela no horizonte de minha vida como Agente de Pastoral, as causas deles.

Aprendizagem que também fez parte da vida de Jesus de Nazaré. Se num primeiro momento, Ele foi sendo moldado pelos saberes simples do casal humilde e pobre da periferia de Nazaré, Maria e José, o seu saber também foi sendo desenhado pela inspiração divina, já que Ele e o Pai, formam uma unicidade na imanência e transcendência. O Verbo de Deus se fazendo carne na realidade humana, oportunizando a cada um de nós fazermos parte desta divindade.

É exatamente assim que podemos concluir com o texto do Evangelho de hoje que Lucas nos ajuda refletir. Jesus estando em Cafarnaum, cidade da Galileia, ensinando com autoridade, e despertando a admiração de seus ouvintes. Em meio a este contexto, surge um homem doente, precisando de carinho e de cuidados. Como o ensinamento de Jesus não é apenas um mero amontoado de teorias vãs, Ele se ocupa com aquele homem, realizando a sua libertação através da cura. Sabedoria transmitida com autoridade, acompanhada de ações transformadoras.

Interessante observar que o texto de Lucas 4, 31-37, selecionado pela liturgia para o dia de hoje, tem o seu paralelo em Marcos 1,21-28. Em ambas as descrições, Jesus aparece ensinando, mas também realizando ações concretas de libertação. Tanto Lucas quanto Marcos, falam de um homem possuído por um espírito impuro. Lembrando que naquele contexto, as ações demoníacas escravizavam e alienavam as pessoas, impedindo-as de pensar e de agir, locomover, por si mesmas. Jesus quebra está corrente e faz com que aquele homem volte a sonhar os seus próprios sonhos de liberdade.

No tempo de Jesus, as ações demoníacas manifestavam-se principalmente através da possessão de pessoas, manifestando desta forma, a resistência e rejeição ao avanço do Reino de Deus. Com a autoridade vinda de Deus, os ensinamentos e ações de Jesus interpretava as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei. Assim, se de um lado, Ele era admirado e acolhido pelo povo simples, de outro, era hostilizado pelas autoridades religiosas, que o viam como um grande impecilho aos seus planos. “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”.