Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum. Domingo, Dia do Senhor! Até a Ressurreição de Jesus de Nazaré, Ele e Seus discípulos guardavam o sétimo dia como o dia santo. Todavia, após a Ressurreição, o domingo passou a ser santificado e considerado o “Dia do Senhor”, como uma lembrança viva de Sua Ressurreição. Celebrar o domingo é celebrar a presença do Ressuscitado no meio de nós. Sua presença se faz em todos os corações daqueles e daquelas que trazem em si o espírito do Deus criador de todas as coisas. É pelas opções que escolhemos na vida que demonstramos nosso amor ao Senhor e aos que conosco convivem.

Domingo do Senhor! Domingo também da alegria! Depois de passar alguns dias perambulando pelo frio Estado de São Paulo, estou de volta ao meu cantinho no Araguaia. Nada como estar de volta ao lugar que a gente sente bem. Sou feliz no Araguaia! Aqui, aprendi a viver grandes momentos, com quem sabe viver pequenos instantes. Nada como descansar o espírito e a visão sobre a imensidão das águas deste imponente rio. Como diz a sabedoria popular: “Felicidade é ter uma casa para voltar, um cantinho para chamar de seu e alguém para dividir toda essa alegria infinda”. Araguaia que o nosso bispo Pedro assim definiu em um de seus poemas: “Traçando em tua Carne nosso destino. No azul do Araguaia os roxos medos, no sol de tua glória nossos direitos. Sangue vivo no verde das índias matas, faixas gritando viva a Esperança!”

Viva a esperança do Reino! Reino de paz e justiça! Reino trazido por Jesus que no dia de hoje a liturgia nos conta em prosa e parábolas. Jesus, numa prosa com os seus discípulos, fala do Reino em forma de parábolas. Somente no Evangelho de Mateus, Jesus conta pelo menos sete parábolas. Dentro do contexto bíblico, as parábolas é uma figura de linguagem, uma pequena narrativa, em que se usam alegorias para transmitir um determinado conhecimento. Elas são muito comuns na literatura oriental e consistem em histórias que pretendem trazer algum ensinamento de vida. Possuem um forte simbolismo, onde cada elemento da história possui um significado específico.

No transcorrer de seu ministério, Jesus fez uso de muitas parábolas. Nestas parábolas, Ele conta algumas histórias com elementos típicos e comuns da cultura daquele tempo, cujo objetivo principal foi o de ensinar coisas sobre o Reino de Deus. Jesus falando de coisas complexas, mas com linguagem da simplicidade do recurso das parábolas, para que os seus interlocutores as compreendessem. Entre as parábolas de Jesus, algumas das mais conhecidas são: a parábola do pai amoroso (filho pródigo), parábola dos talentos, parábola do semeador, parábola do trigo e do joio.

Hoje estamos diante desta última, como motor impulsor para a compreensão do que vem a ser afinal o Reino de Deus. Não é de todo fácil, entender a dinâmica do Reino, por este motivo, Jesus faz uso de uma linguagem bastante acessível para que todos pudessem compreender, sobretudo, as pessoas mais simples e humildes: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo”. (Mt 13,24) O Reino comparado à semente semeada por alguém, que fica no aguardo para se saber o resultado da semeadura. Semente que é semeada por todos aqueles e aquelas que fazem a sua adesão ao projeto de Jesus. De alguma maneira, haveremos de colher os frutos desta ação no mundo. Todavia, há vários tipos de sementes, desde aquelas que são boas e proveitosas, mas também aquelas que não dão os frutos desejados e se espalham como ervas daninhas. Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parecem impotentes, e mesmo ridículas. Mas a boa semente crescerá e dará o fruto desejado, até atingir o mundo inteiro.

Todos nós, de alguma maneira, somos estes semeadores. A semente que semeamos depende muito das nossas opções, intenções e aquilo que trazemos dentro de nós em nosso coração. A semente que cai no chão germina e frutifica. Chão da terra do coração previamente preparado para a semeadura. Chão do existir humano transformado em ações de justiça, fraternidade, solidariedade, ternura, compaixão, em defesa da vida plena para todos e todas. Jesus, a semente da missão de Deus. Semente que se transforma em missão naqueles e naquelas que se tornam semeadores da semente do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus em nós, a semente cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível. O Reino já está presente no embrião da semente. “A terra, por si mesma, produz o fruto”. (Mc 4,28). Somos semeadores da esperança da semente, sem agonia e sem pressa de acontecer o fruto, até porque como dizia o velho Marx (1818-1883): “a nossa pressa histórica, não apressará o momento histórico”. O fruto do acontecimento do Reino está presente no mistério de Deus.