Nelson Peixoto. Diretor de Liturgia da UNESER.

Aqui, não é titulo de filme de suspense e nem enredo, mas narrativa escrita com as velhas canetas e o uso de lágrimas para desenhar as dores e os tormentos dos pobres deste mundo.
Perguntamos com a santa teimosia do Papa Francisco: As lágrimas ainda comovem a ponto de nos mover para enxugá-las?

Lembrando o filme dos anos 90, somos tentados a forçar comparativos no sentido de que se nos encantamos com o sistema assassino, acabamos, por ingenuidade, a colaborar com quem “devora suas vitimas”, mata seus sonhos e põe em perigo toda Terra.

” Ó Deus, hoje os santos Inocentes proclamam vossa glória não por palavras, mas pela própria morte; dai-nos também testemunhar com a nossa vida o que os nossos lábios professam”.(Oracão da Liturgia do Dia 28 de Dezembro).

Assim rezando, revisitamos o contexto político de Herodes. Vemos até onde chegou a sua truculência para decretar a morte de crianças inocentes. Hoje, as lágrimas rolam. Fome, doença, migraçao forçada, pela contaminação das águas e o extermínio dos ecosistemas vitais à sobrevivencia da vida humana.
O medo patológico de perder o poder levou Herodes, primeiro, a matar seus irmãos. Assim treinado, diante da noticia de um “concorrente” criança, que em nada seria concorrente de poder explorador, queria eliminar riscos, decretando a morte, arrancando bebês dos seios maternos.
A LUZ que veio afastar as trevas devia ser apagada, tal era o intento de Herodes e “herodianos” de todas as épocas.
Os inocentes, por decreto do sistema acumulativo, quer seja do capitalismo do Estado comunista ou por perversão da democracia elitista, prosseguem morrendo impiedosamente. Seus gritos são abafados por táticas inteligentes e tecnológicas, seja negando a religião ou usando-a para garantir o fogo devorador das vítimas nos altares do lucro.
“Se o Senhor não estivesse ao nosso lado”… é a sûplica que o Salmo 123, nos traz para professar que a derrota não fica sem dar sentido a dor e no vazio absurdo da existência.
Os Santos Mártires de hoje se somam a milhões. Fica dificil crer que se não forem inocentes mereçam morrer e jamais considerados mártires. Não existe no paradigma da Misericórdia divina, revelada por Jesus, que “bandido” merece morrer. A meritocracia, nem para mais e nem para menos, se aplica aqui. O muito que se pode entender é que se torne o desfecho de uma possível consequência de escolhas feitas. Foi o caso de Jesus por amar os excluídos e denunciar a opressão da religião e do império da morte.
Deus é quem julga, contando que evitemos o engano de pensar o juízo de Deus nos nossos moldes.

No alto do Calvário, o grito de Jesus, todos ouviram, conclamando os seus seguidores de todos os tempos a descer os pobres das cruzes.
Estamos com Jesus Crucificado e Ressuscirado para fazer de tudo o que o Mestre mandar a fim de arrancar os pobres inocentes da boca do inferno, fabricado pelo egoísmo.

“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus!” (Lucas 5, 10)