De fato, a experiência cristã vivida por São Francisco de Assis (1182-1226) de extrema devoção ao Evangelho a pobreza e na fraternidade fez com que inúmeras pessoas trilhassem esse caminho de santidade. Dentre muitos destaca-se a figura de santo Antônio de Santana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão, primeiro santo brasileiro canonizado pelo Papa emérito Bento XVI em 11 de maio de 2007, sendo sua memória litúrgica celebrada em 25 de outubro.

Nascido em 1739 em Guaratinguetá-SP numa família profundamente religiosa, Antônio desde tenra infância demonstrava sinais de zelo e ardor pelo Evangelho. Com 13 anos de idade iniciou os estudos ginasiais no colégio jesuítico em Belém, na Bahia. Após, quatro anos foi convidado a ingressar na Companhia de Jesus, porém por insistência de seu pai, que era da Ordem Terceira Franciscana e devido a perseguição aos jesuítas promovida por Marquês de Pombal, decide-se entrar na Ordem dos Frades Menos Descalços, reforma empreendida por São Pedro de Alcântara.

Ingressa no noviciado em 1760, no Convento de São Boaventura da Vila Macacu da cidade do Rio de Janeiro. Professa os votos perpétuos em 16 de abril de 1761. É ordenado presbítero em 11 de julho de 1762, devido a sua notoriedade nos estudos teológicos iniciais realizados anteriormente. Recém ordenado é mandado ao Convento São Francisco a fim de aperfeiçoar os estudos em Filosofia e Teologia. Em 1768 conclui seus estudos sendo nomeado pregador, confessor e porteiro, tarefas que realizou com muito zelo e devoção.

Nos anos seguintes seu principal apostolado, mas não o único, foi a fundação de um novo mosteiro das “Recolhidas de Santa Teresa”, da Ordem Carmelita, onde atual funciona o Mosteiro da Luz na cidade de São Paulo. Tal mosteiro é de grande importância para vida de Frei Galvão e vice-versa. Ele foi co-fundador escrevendo as Constituições para as irmãs, além de construir o mosteiro e a igreja dele.

Com enorme devoção a Imaculada Conceição, Frei Galvão se espelhou na Virgem Maria com espírito despojado e respondendo SIM, as inúmeras funções que seus superiores determinavam. Sua entrega aos desígnios de Deus e sua humildade lhe deram fama de santidade, ainda em vida. Em 23 de dezembro de 1822, Frei Galvão vive sua Páscoa definitiva sendo sepultado no Mosteiro da Luz depois de uma vida dedicada à Deus e aos pobres, como um pobre. Que pelo seu exemplo de entrega e devoção nós possamos ter a coragem de “avançar para águas mais profundas” (Lc 5,4) vivendo a minoridade e a fraternidade, assim como bem viveu Frei Galvão!

Franciscano leigo. Professor de Filosofia da rede estadual paulista. Bacharel em Teologia pela PUC-SP.

 

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