Sábado da Décima Quarta Semana do Tempo Comum. O final de semana iniciando, estando eu naquela que é considerada pelos católicos como a “Casa da Mãe” e Padroeira do Brasil, a Mãe Negra de Aparecida. Maria com os seus muitos nomes, mas uma só realidade: aquela que acreditou e se fez coautoria do projeto libertador de Deus.

Um simples Sim foi mais do que necessário. O sim de um coração repleto de amor, dado por uma mulher pobre da periferia de Nazaré. Cheia de dúvidas e incertezas, mas sem nenhum medo, jamais! A vontade de acertar sendo maior que o medo de errar. A confiança na entrega fiel, superando as amarras de uma sociedade que subjugava a mulher como a um ser inferior. Maria de todas as horas também no hoje de nossa história.

Não teve medo de se fazer discípula do próprio Filho, tendo a verdade como porta-voz de todas as esperanças. O esperançar de Deus, no jeito mulher de ser. Acreditou, confiou e se entregou nos braços do Pai como Mãe e protótipo do discipulado fiel. A Rainha dos Apóstolos, desbravando os caminhos minados das “verdades absolutas” daqueles que se colocavam no lugar de Deus. “Maria de Deus! Maria da gente! Maria da singeleza da flor!”. Em ti está a nossa esperança de que também haveremos de, com Ele triunfar.

O discipulado sendo preparado, orientado e instruído por Jesus (didaqué), como o vemos no texto proposto pela liturgia para a nossa reflexão no dia de hoje. Chamados como discípulos seus, doravante serão transformados em apóstolos na missão de anunciar a Boa Nova do Reino. Não em forma de meras teorias, pronunciadas de cima dos púlpitos, mas como vivência prática da Palavra em forma de ação concreta: “Não tenhais medo”, diz o Senhor.

Ser como o Mestre. Ser como Jesus. Não apenas ter fé em Jesus, ter a mesma fé d’Ele. Este é um dos principais desafios que é colocado àqueles e àquelas que se propõem a caminhar com Jesus. De mãos dadas com a verdade e o coração aberto às certezas do Reino no aqui e agora da história. Ser como o Mestre e não anunciar a si mesmo ou as vaidades inerentes aos corações egoístas, mas despojar-nos de nós mesmos para sermos como o Mestre de todos os mestres. “Felizes sereis vós, se fordes ultrajados por causa de Jesus, pois repousa sobre vós o Espírito de Deus. (1Pd 4,14)

Aquele que se mantém na prática da verdade e do bem rompem com os projetos de morte e se envolvem no projeto de Deus. Por isso, como Jesus que sofreu na carne, os seus seguidores não serão aceitos por aqueles que insistem em manter o jogo da morte nas relações humanas. A esperança move o coração dos que resistem e fazem de si as utopias vivas do Reino. Como diria o escritor Humberto Eco: “Nem todas as verdades são para todos os ouvidos”.

Ser como e com o Mestre é não ter medo, até porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto todas as mentiras de um sistema social injusto e desigual. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas jamais conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem a dá e a conserva, como dom maior para todas as suas criaturas. Aos que são fiéis, Deus será sempre fiel na pessoa do Filho que se faz conosco.