Talvez para um coração desatento essa frase pareça um tanto clichê. Quantas vezes não ouvimos Jesus fazer perguntas e indagar por onde anda o coração dos discípulos.

Fr. Robério Santana de Lima, C.Ss.R.

Nos acostumamos a contemplar sua inquietação e nos encantamos com sua pressa por uma resposta que venha do coração. Entretanto, ao se dirigir para Pedro, nos parece que há algo de único, íntimo, particular.

Naquele momento todas as vozes se calam, os ruídos externos dão lugar a um encontro e ali, naquela fração de tempo, o Criador questiona a criatura.

Sua questão não provém dos livros lidos, dos conteúdos que se aprendeu, embora tudo isso seja muito mais que importante.

Pedro é desafiado a dar razão de sua fé não de qualquer forma, frio, sem vida, mas no amor. “Tu Me amas”, Pedro?

Amar é muito mais que um sentimentalismo fortuito, sem vida. Dizer que ama é dizer que se compromete de corpo e alma, mesmo sendo frágil. Significa mergulhar no reconhecimento das próprias feridas, mas ao mesmo tempo contar com a graça de Deus.

Amar, como já estamos cansados de saber, na linguagem eterna, significa entregar-se profundamente a uma causa, a um alguém. No fundo Jesus pergunta a Pedro se ele é capaz de se entregar em seus braços, confiar nele e oferecer seu tudo.

Somos capazes de responder ao Senhor, que pelo nosso nome, nos questiona sobre o nosso amor?

Muitas vezes temos a vontade de falar, anunciar, dizer muitas coisas de Deus aos outros, mas somos capazes de verdadeiramente amá-Lo a tal ponto de entregar o nosso tudo, nossa vida pela causa do seu reino?

Será quanto tempo Pedro levou para responder essa pergunta? Talvez tenha levado uma vida inteira, pois só foi capaz de entender o amor quando viu seu mestre no alto da cruz de mãos estendidas amando no silêncio das palavras.

No sei quanto tempo vai levar para você responder a essa pergunta; se um dia ou talvez uma vida, mas o que realmente importa é saber que o Senhor está e estará sempre diante de você, te perguntando se você é capaz de amá-Lo.

Ele faz isso no hoje de tua história através dos pobres, dos que sofrem, por meio das lágrimas silenciosas de pessoas que não tem nada.

Faz isso através dos olhares das crianças que pedem sem saber por um futuro digno, faz isso através do teu irmão que clama ao teu lado…