Quarta feira da Sexta Semana da Páscoa. O mês das mães caminha rapidamente para entregar o bastão ao mês de Pentecostes (08), Corpus Christi (19) e também das festas juninas: Santo Antônio, São João e São Pedro. Enquanto isso, seguimos paulatinamente na nossa dinâmica pascal, refletindo com a despedida de Jesus de seus discípulos, ensinando-os e dando as últimas coordenadas, até que chegue a força transformadora do Espírito e eles assim possam dar continuidade à missão d’Ele. O caminho à frente de Jesus entre os homens é o do Calvário, mas ali haverá o grande encontro com o Deus da vida, que premiará toda luta de Jesus, oferecendo a Ele a vida plena do Ressuscitado. Como nos diria Santo Agostinho: “A ressurreição de Cristo é a nossa esperança”.
O Jesus histórico de Nazaré dando lugar ao Cristo da fé. A morte não tem a última palavra, pois Deus, com sua intervenção divina, desce o seu Filho da cruz, para que o tenhamos permanentemente vivo entre nós. Isto porque fomos criados para a vida em plenitude. Não estamos aqui para viver pela metade, mas para a plenitude de nossas potencialidades. Viver esta dimensão pascal de Jesus é acreditar que fazemos parte desta grande família dos filhos e filhas de Deus, e que temos uma missão de lutar para que a vida de todos e todas, alcance esta plenitude. Isto se faz com coragem, disposição e determinação, para dar de nós, o melhor que podemos ser, reproduzindo em nós as palavras do profeta Isaías: “Deus é a minha salvação; terei confiança e não temerei. O Senhor, sim, o Senhor é minha força e o meu canto; Ele é a minha salvação!” (Is 12,2)
Nesta data de 28 de maio, celebramos o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher. Esta data foi definida no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, ocorrido em 1984, na Holanda. Naquele contexto histórico, havia um alto índice de mosrtalidade materna. Segundo um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), “embora tenha registrado avanços, os indicadores ainda estão relativamente elevados no Brasil, onde a mortalidade na infância está concentrada no período neonatal, permanecendo o desafio de oferecer melhores serviços de saúde primária e especializada, pois a maior parte desses óbitos ocorre em função de eventos sensíveis à melhoria do sistema de saúde na assistência pré-natal e na atenção ao recém-nascido”.
O tema deste Dia Internacional de 2025, para a nossa reflexão é: “Em Solidariedade, Resistimos: Nossa Luta, Nosso Direito!” Direito de ser mulher e estar onde ela quiser estar, e realizar-se plenamente com a vida e missão que Deus lhe deu. Um dia importante a ser comemorado com muita luta, sobretudo ao sabermos que, no dia de ontem (27), uma de nossas grandes mulheres na defesa dos indígenas, dos pretos e do meio ambiente, foi duramente desrespeitada por um energúmeno parlamentar, numa das sessões do Senado Federal. Marina Silva, foi terrivelmente atacada pela fúria misógina de um dos nossos “representantes” no parlamento brasileiro. Os direitos das mulheres não são privilégios, são direitos humanos fundamentais. Até quando precisaremos repetir este mantra sagrado?
A plena verdade está em e com Deus! Pelo menos é isto que Jesus está tentando fazer os seus discípulos entenderem. Sua partida será iminente, enquanto presença física no meio deles, mas eles não ficarão órfãos; pelo contrário, o Espirito da Verdade virá até eles, com a garantia de Jesus, e eles terão a seu favor a força revolucionária transformadora do Espírito de Deus: “Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade”. (Jo 16,13). Teologicamente, este Espírito, garantirá a presença contínua de Deus, que não abandona os seus. É desta forma que os discípulos deverão pensar e agir, sabendo que não estarão sozinhos na missão de serem os continuadores de Jesus. É nesta perspectiva também que surge a “Eclesiogênese”, um dos termos da teologia para se referir à origem da Igreja nascente, a partir das primeiras comunidades cristãs, revestidas da força do Espírito da Verdade, testemunhando esta força do Espírito de Deus na vida deles.
A verdade contemporânea está sujeita às hermenêuticas (interpretações), sobretudo nestes tempos da manipulação dos influenciadores digitais. Cada um se acha portador da sua verdade, (principalmente no campo religioso), esquecendo-se que a verdadeira verdade, tem fundamentos na ética e nos valores morais. Além do mais, a fé cristã se fundamenta na verdade do Evangelho. Mais do que a verdade da “Doutrina”, o Evangelho vem em primeiro plano, e deve orientar a nossa forma de ser na sociedade que desejamos estruturar. Ser seguidor e seguidora de Jesus é isto, abraçar a proposta do Evangelho e fazer deste a letra viva no contexto sócio histórico que vamos vivendo. Somos livres para aceitar este desafio, todavia, quem aderir ao projeto de Jesus, sabe que não dá para pisar os pés em duas canoas ao mesmo tempo. A plena Verdade é Jesus! Se assim não formos, corremos o risco de cair naquilo que nos alertou o filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), quando diz: “Não existem verdades absolutas, mas imposições de verdades que são entendidas como absolutas através da dominação”.
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