Quarta feira da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida.

Dia de festa para a comunida

Francisco (Chico) Machado. Missionário e escritor.

de católica do Brasil. Dia de festejar a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Quando Jesus do alto da cruz diz ao discípulo amado: “Ao ver Sua Mãe e junto d’Ela o discípulo que Ele amava, Jesus disse à Sua mãe: ”Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe!” (Jo 19, 26-27) Ou seja, Jesus nos mostra Maria como nossa Mãe. A nossa adesão filial a ela se faz no ato doloroso da cruz de Jesus. O instinto materno de Maria se estende a toda a humanidade. A Graça de Deus passando pela Mãe e chegando até nós, através desta grande mulher que soube se colocar como instrumento nas mãos de Deus. Sim, faça-se! Sim, faça-se em nós!

Deus é plenitude de misericórdia para com os seus. Sua amorosidade não nos abandona jamais! Os dias são difíceis, as horas são de pesadelo, mas o esperançar de Deus se faz presença viva nos nossos sonhos de liberdade e realização plena. Assim como os magos do Oriente (Mt 2,1-20), a estrela da liberdade, da realização e das transformações está a nos guiar, apontando para a infinitude do Deus da vida que nos criou para a vida abundante e plena. A vida pede passagem! Ser feliz é tudo o que se quer, ainda mais neste horizonte perverso que se transformou a vida dos pequenos e marginalizados do sistema. Sonhar o sonho possível de outro mundo, onde a justiça e a paz se abraçarão em festa e júbilo (Sl 85).
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Maria a servidora das causas de Jesus. Mulher forte e destemida. Rompeu com todos os paradigmas que subjugavam a figura da mulher naquela sociedade do tempo de Jesus. Maria a Mãe Negra de Aparecida, a Mãe também do povo escravizado. Ela que foi encontrada na “pesca milagrosa”, exatamente no início do século XVIII (1717), período em que estava no auge a “corrida do ouro”, no afã de riqueza e saques promovidos pela Corte Portuguesa. Neste contexto, foi muito feliz o jornalista e historiador Laurentino Gomes quando afirma: “Não por coincidência o maior território escravista do Hemisfério Ocidental tem como padroeira uma santa negra”. E olha que foram 300 anos de escravização oficial e outros tantos ainda oficiosa. Mãe Negra de Aparecida, Senhora dos povos escravizados, Rogai por nós!

A liturgia deste dia nos oportuniza um texto bastante significativo e que muito nos ajuda a refletir sobre o papel da Mãe na História da Salvação. Excepcionalmente recorremos hoje ao quarto Evangelho. João é muito diferente dos três primeiros evangelistas (os sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas). Ele se atém apenas aos “sete milagres”, que ele prefere chamar de “sinais”, e alguns “discursos” (ensinamentos) de Jesus. Estamos hoje diante de um destes sinais, denominado de “Bodas de Caná”. Uma festa de casamento, claramente escolhida pelo evangelista para relatar o aspecto emblemático desta festa: o casamento é o símbolo da união de Deus com a humanidade, realizada de maneira definitiva na pessoa de Jesus, o Divino que se fez pessoa humana para nos fazer divinizados pela sua presença em nós.

“Sua mãe disse aos que estavam servindo: Fazei o que ele vos disser!” (Jo 2,5) Confiança total da Mãe que acreditou desde o início de que Deus agiria na história, através de si e de seu Filho amado. Sensibilidade a toda prova da mulher e da Mãe diante do constrangimento de faltar vinho numa ocasião tão especial como aquela. Significava a desonra para os donos da festa. Foi preciso que a Mulher se adiantasse, provocando o seu Filho de que estava na hora de agir. E Jesus, mesmo sabendo que a sua hora não havia chegado, atende prontamente ao pedido da Mãe, transformando água em vinho e vinho da melhor qualidade. Devemos entender que para Deus nada é impossível e que, no momento certo Deus agirá em nós e por nós.

A esperança nos faz sonhar com o dia de amanhã. Neste dia, o sonho de Deus se fará em nós. A utopia do Reino aponta no infinito, trazendo-nos o dia da vitória. Que venham outras “Bodas de Caná”, em que o vinho melhor que foi guardado e será servido na taça de nossas realizações. O Deus da vida é conosco. A Mãe é a companheira de todas as horas. Ela não descuida de nós. Atenta que é, está sempre a interceder junto de seu Filho pelas nossas necessidades. Esta festa de casamento que estamos celebrando hoje é uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer em nossas vidas, através de toda a atividade de Jesus: com sua palavra e ação, Ele transformará as relações das pessoas com Deus e delas entre si. Que sejamos embriagados pela ação do Espírito Santo de Deus em nós e acreditemos mais nas nossas capacidades, nas nossas lutas e em nós mesmos como agentes de transformação da realidade! Cubra-nos Oh Mãe, com a sua santa proteção!