Francisco (Chico) Machado. Missionário e escritor.

Segunda feira depois de Pentecostes.
A semana está iniciando e estamos ainda em clima de festa. A força inovadora do Espírito Santo se faz presente em nós, animando-nos para seguirmos em frente na nossa caminhada. Deus que “faz novas todas as coisas”, (Ap 21,5) está em nós na pessoa do Cristo Ressuscitado e também por intermédio da ação libertadora do Espírito Santo de Deus. Somos seres de luzes para brilhar no luzeiro da fé, fazendo acontecer a libertação que Deus quer com a instauração de seu Reino. Reino de amor, paz e justiça. Reino de vida para todos.

Pentecostes que significou um grande marco na vida da comunidade dos primeiros seguidores de Jesus, mas também na história da Igreja. Ali foi dado o ponta-pé inicial de uma caminhada de Igreja, sendo iluminada e guiada pela luz do Espírito Santo. Jesus, como Ser Ressuscitado, se colocando no meio da Igreja nascente trazendo a paz e promovendo o envio para a missão de dar continuidade à sua obra. O medo deu lugar à ação. Revestidos da Força do Alto, os discípulos puseram o pé na estrada, percorrendo o mesmo caminho de Jesus. Provavelmente que os primeiros seguidores de Jesus recordaram de uma das frases que está descrita no livro de Provérbios: “Lembre-se de Deus em tudo o que fizer e ele lhe mostrará o caminho certo”. (Pr 3,6)

Pentecostes foi um divisor de águas entre a catástrofe da morte e a esperança da vida nova. Nosso bispo Pedro costumava nos dizer que “para nós da América Latina, a Conferência Episcopal de Medellín (1968), foi um verdadeiro Pentecostes”. Este documento inaugurou um novo jeito de ser Igreja, ou seja, a partir dos pobres, Igreja para todos. Desta forma, os bispos nos mostraram que a missão primordial da Igreja é testemunhar e implantar na realidade humana o Reino de Deus. Uma Igreja pobre com os pobres e para os pobres, cuja missão é servir como instrumento de libertação “de toda a humanidade e de cada ser humano por inteiro”. (Medellín 5,15) Este “Pentecostes” nos fez criar uma Igreja com o DNA latino-americano e o rosto sofrido de seu povo.

Os ventos do Espírito sopram sobre nós. A liturgia desta segunda feira nos coloca diante de um cenário emblemático: “Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena”. (Jo 19,25) Três mulheres guerreiras, mais “aquele que Jesus amava”. Uma cena paradigmática, mostrando-nos que as mulheres não arredaram o pé diante do processo doloroso pelo qual Jesus passou. Pelo contrário, continuaram firmes no seu propósito de segui-lo radicalmente. A Mãe, vendo o seu Filho naquela situação extrema, sendo acompanhada solidariamente pelas outras mulheres e o discípulo fiel.

Maria que se torna ali a Mãe da Igreja nascente. A Mãe de Jesus e nossa. Recebe a incumbência de ser a mediadora entre Deus Pai, o Filho e nós. “Mulher, este é o teu filho. Depois disse ao discípulo: Esta é a tua mãe. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo”. (Jo 19, 26-27) A Mãe de Jesus representando todo o povo da Antiga Aliança que permaneceu fiel às promessas e a espera pelo Salvador. Na pessoa do discípulo amado está representado o novo povo de Deus, formado por todos aqueles e aquelas que fazem a sua adesão ao Projeto de Deus revelado por Jesus. Na relação materno-filial mãe-filho, o texto deste evangelho de hoje quer mostrar para nós a unidade e continuação do povo de Deus como Igreja, fiel à promessa e herdeiro da sua realização.

Maria, Mãe e mestra da Igreja. Ela caminha lado a lado conosco nesta experiência de trilhar os passos de seu Filho. Se Maria é esta mulher forte e destemida que desde os primórdios do cristianismo caminha com a Igreja, no Concílio Vaticano II (1962-1965) ela recebeu um destaque especial. Fazendo uso da dimensão antropológica, o Concílio fez realçar o lado humano da Mãe de Jesus, mostrando-a como mulher livre e de fé, pessoa consciente e responsável, que cooperou ativamente e diretamente no projeto salvífico de Jesus de Nazaré. A Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja no seu capitulo VIII nº 68, fez questão se salientar Maria como sinal de Esperança e consolação: “Entretanto, a Mãe de Jesus, assim como, glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há de consumar no século futuro, assim também, na terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o Povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor” (cfr. 2 Ped. 3,10). “Maria, estrela da manhã e sol de nossas vidas”.

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