Décima quinta semana do tempo comum.

A semana está iniciando nos trazendo perspectivas de novos horizontes. Uma semana decisiva para todos nós aqui da Prelazia de São Félix do Araguaia. Estamos a caminho de mais uma romaria. Nos dias 16 e 17 próximos, nos reuniremos no Santuário dos Mártires da Caminhada, na cidade de Ribeirão Cascalheira, para celebrar a memória dos 46 anos do martírio do padre João Bosco Penido Burnier. Tudo pelo Reino – “O Reino de Deus é Paz e Justiça”. (Rm 14,17) Sob os olhares atentos de nosso pastor maior Pedro, como ele mesmo dizia, “a próxima vou acompanhar lá de cima”. Mais de 3 mil pessoas inscritas. Estarei lá!

Francisco (Chico) Machado. Missionário e escritor.

Um dia especial para a História da Igreja. No dia de hoje ela celebra a vida de São Bento (480-547). Filho da nobreza da cidade italiana de Núrcia para o caminhar da Igreja mundo afora. Um homem de profunda oração e sintonia com Deus. É considerado o pai da vida monástica. Sua vida ascética possibilitou-lhe criar o lema que se tornou conhecido no mundo inteiro, “Ora et labora” – Oração e trabalho. São Bento concebia a ideia de que a oração tinha que ser transformada em trabalho e o trabalho em oração, criando assim a regra de vida dos Beneditinos. Bento preferia não falar de Deus, mas falar com Deus e nos aconselhava: “Não faças injustiça, mas suporte pacientemente as que lhe são feitas”.

Aliás, a semana começa em tom de injustiça. Aconteceu neste domingo (10) o assassinato brutal do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, na cidade de Foz do Iguaçu. Um crime bárbaro, na frente de toda a sua família que comemorava os seus 50 anos de vida. Um crime de ódio, tudo porque o aniversariante é membro do PT e a temática de seu aniversário era relacionada ao ex-presidente Lula. Sua residência foi invadida por um militante do ódio, vociferando palavras desconexas e somente não matou mais pessoas porque fora contido pelo pai de família assassinado, na defesa dos seus ali presentes.

Vivemos um clima beligerante marcado pelo ódio gratuito. As pessoas são agredidas ferozmente apenas por causa de seu pensamento. O pensar diferente e contrário dos delinquentes genocidas de plantão já é motivo para agressões gratuitas. Ou seja, na visão destes, aqueles que pensam diferente deles, não são adversários políticos, mas inimigos a serem combatidos, de preferência pelas armas de fogo, comercializadas livremente sem nenhum controle. Este é o clima de ódio que tomou conta do país, a começar do mandatário maior da República, que dissemina rancor por todos os seus orifícios. De nada adiantaria dizer a um destes arautos do ódio, aquilo que foi escrito pelo Papa Francisco: “Um político nunca deve semear ódio e medo, mas esperança”.

Somos filhos e filhas da esperança. O esperançar de Deus habita o âmago de nosso ser. O esperançar do sonho de Deus corre nas nossas veias, insuflando-nos à vida plena do sonho sonhado de Deus. O sonho faz parte das nossas vidas. O sonho permeado pelo esperançar, faz a vida caminhar em direção das nossas realizações. Gosto da ideia do escritor e psicanalista Rubem Alves, quando afirma que, “antes das coisas acontecerem nas nossas vidas, elas acontecem primeiro no plano do sonho”. Sonhar o sonho possível das utopias do Reino de Deus. Uma nova vida em que as forças da morte serão vencidas pela idade da razão: liberdade de ser e pensar, consciência tranquila do “Bem Viver”, construindo a história pelas nossas próprias mãos. O sonhar de Deus se fazendo presente no esperançar do horizonte que se descortina em forma de realizações de vida plena para todos.

A verdade incomoda e dói nas consciências sobrecarregadas pelo peso malfeitor. Andar com a verdade é trilhar os caminhos do infortúnio e daqueles que não suportam serem confrontados pelo outro ser diferente. A beleza da diversidade constitutiva das cores do arco Iris, não é suficiente para entenderem que a nossa riqueza maior está no fato de sermos diferentes e formarmos um todo que é a somatória do ser diferente de cada um. A verdade é filha do tempo, prima irmã da tolerância, na vivência em consanguinidade com a razão. Falar e viver na verdade sempre é o nosso maior desafio de cristãos seguidores do Filho da Verdade de Deus. Quem tem a sua consciência tranquila não se assusta com a verdade e não teme os inimigos dela. Resta-nos almejar o esperançar do sonho de Deus, onde Ele transformará a nossa vida pela sua Verdade. Afinal, “Ele é o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai, senão por Ele”. (Jo 14,6)