Nas mensagens de Fátima sempre que a Senhora de branco aparecia aos pequeninos pastores, Ela lhes pedia orações e sacrifícios. Elas, ainda crianças, entenderam esse pedido como tantos de nós ainda entendem e interpretam o ato sacrificial: Deus nos pede algum sofrimento como prova de nossa adesão ou  em troca de alguma graça. O suplício, o martírio, o cingir os rins…. Enfim, todo e qualquer ato que pusesse o ser humano frente à dor ou a renúncia de algo que lhe desse prazer.

Mas o sacrifício que Deus nos pede é algo muito diferente e mais profundo. É um momento de intimidade e um ato de comunhão com Ele. Deus nos pede poder participar de nossas vidas e do nosso dia a dia.

A palavra “sacrifício” vem do  latim sacrum facere. Sacrum = “sagrado”, Facere = “tornar”.

Logo, sacrifício significa, “tornar sagrado”. Neste sentido, o sacrifício pedido por Deus jamais poderia ser entendido como sofrimento ou substituição ou troca. Deus nos pede que tornemos sagradas as coisas que fazemos, isto é, tornemos o nosso dia a dia uma coisa Dele. Isso é sacralizar a nossa vida!  E dentre os sacrifícios mais aceitos e agradáveis ao nosso Deus está a oração. Se Deus é espírito (e Ele o é!) é no espírito que ele quer ser adorado (Cf Jô 4,24).  Santo Padre Pio sempre repetia: “A oração é a  melhor  arma de que dispomos, é uma chave que abre o Coração de Deus”. Como Deus negaria algo a uma oração feita em espírito e verdade, quando foi Ele mesmo a pediu?

“Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e em verdade e são estes os adoradores que o Pai deseja.” (Jô 4,23)

Não faltam exemplos de grandes santos orantes na nossa igreja. O próprio São Pio da Pietrelcina, quando questionado sobre algo, ele humildemente respondia: “Não sou senão um pobre frade que reza”. Mas eram justamente as suas orações que o povo ia buscar!

Esta oração, oferecida do fundo de nosso coração, nascida da fé, nutrida com a verdade íntegra e pura, coroada pelo amor, apresentada no altar de Deus entre salmos e cânticos e acompanhada pelas nossas boas obras… Como não obterá de Deus todos os bens e graças das que precisamos? A oração fortalece os fracos, cura os doentes, liberta os perturbados, abre as prisões, solta as amarras dos inocentes. A oração perdoa os delitos, afasta as tentações, extingue as perseguições, consola os que choram, conduz os peregrinos, acalma as tempestades, alimenta os pobres, levanta os caídos, segura os que vão cair, apóia os que estão em pé….

Neste ponto, o valor do sacrifício querido por Deus se associa ao primeiro mandamento, o grande mandamento da lei de Deus: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. Isso significa dar a Deus tudo o que, embora estejam conosco, a Ele pertencem: nosso coração, nossa alma, nossa mente, nossos atos cotidianos e nosso destino. Tornar tudo isso sagrado (“sacrifício”) é  fazer Deus partícipe de toda a nossa vida. Isso é, enfim, a verdade contida no mandamento dado a Moisés pelo próprio Deus e repetido por Jesus ao escriba que o questionava sobre qual o maior dos mandamentos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças”.

E se ainda “amares ao teu próximo como a tí mesmo”, então não estarás longe do Reino dos Céus! (Cf Mc 12,34).

Sergio Alejandro Ribaric´, Professor e Teólogo

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